Política
Passados 16 meses das manifestações de junho de 2013,
clareia-se o papel dos black blocs na história política recente. O efeito foi
contrário ao pretendido. Serviu ao establishment e travou a democracia.
Os
confrontos violentos empurraram os cidadãos de volta para casa e impediram a
continuidade da pressão para que se revisse “tudo o que está aí”. A indignação via internet que a substituiu se mostrou inócua.
A mobilização de
apenas uma categoria, a dos caminhoneiros,foi mais efetiva. Exigiu que a Presidenta se reunisse
com quatro ministros.
Surdez
Passados o susto do povo nas ruas e as eleições, a surdez
dos poderes constituídos voltou ao estágio habitual e, olhada à distância, beira
a insanidade em um regime democrático.
Pinçados aleatoriamente: No Paraná, o equilíbrio
das contas públicas começou com o corte nos salários dos professores.
Em São Paulo, por falta d’água para entregar a Sabesp avalia
mais um reajuste na tarifa a fim de manter o faturamento. Segue a trilha aberta
dos serviços de telecomunicações e bancários, já acompanhados pela saúde
pública e privada, todos contidos no pacote dos protestos de 2013.
No Rio de Janeiro, onde as obras para as olimpíadas se
sobrepõem à estrutura construída para os Jogos Pan-americanos, a despoluição da
baia da Guanabara esperada há décadas ficará para “legado”. Como ficaram as
obras viárias em Belo Horizonte e Cuiabá.
No plano federal, espera-se a divulgação da lista de
denunciados por corrupção do Procurador-Geral da República para terminar a
nomeação para os ministérios.
Judiciário
O Judiciário nos brinda com outra de suas pérolas de
desfaçatez. O juiz Flávio Roberto de Souza, responsável pelo processo de crime
financeiro contra Eike Batista, levou para casa dois dos carros apreendidos do
acusado, com o cuidado de retirá-los da lista de bens que seriam leiloados na
próxima quinta-feira e a devida autorização do Detran, para requinte do cinismo
a que lei tem servido.
Movimento radical
A apuração de escândalos como o da Petrobras deve seu
empenho a junho de 2013, mas seu uso partidário, aos black blocs.
A ironia neste processo é que a surdez decorrente acabe levando
a manifestações radicais como, por exemplo, nos processos de independência nas
ilhas britânicas e nas revoluções francesa e russa.
Exceto aos extremos da esquerda e da direita, não interessa
aos partidos alterar substancialmente o quadro atual. Chamar o povo às ruas sob
suas bandeiras, se atendidos, correm o risco de tomar um safanão no pé do ouvido.
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