Que time é teu?

Quase diariamente nas ruas um telespectador ou colega de profissão me pergunta para que time torço.
-Nenhum...
A reação é sistematicamente a mesma. Olhos esbugalhados e boca entreaberta no rosto ligeiramente virado para um dos lados, vem a réplica em tom entre a surpresa e a desconfiança:
- Como nenhum?!
As mazelas dos bastidores, o empenho de alguns atletas e o trabalho de certos técnicos, matéria-prima do nosso dia-a-dia, encurralaram minhas emoções nos 90 minutos de uma partida.
Como não vibrar com as substituições sensacionais de Luxemburgo? Não reverenciar o movimento irritantemente repetido de Autuori no Japão, obrigando Aloísio recuar e Mineiro avançar entre os zagueiros em sincronia perfeita - au revoir, Liverpool! - ?
Torço por onde quer que joguem aqueles capazes de aliar características inconciliáveis à maioria, como a velocidade e a precisão nos passes de Nilmar, os tiros perfeitos de Rogério Ceni com pés e mãos, a lealdade e a elegância na bruta função de marcar individualmente, como fez Ceará com Ronaldinho Gaúcho. Como não torcer por Fred, Cicinho, Morais ou Zé Roberto?
Torço por Rivaldo, Cafu, Roberto Carlos, Cleber e Luizão de novo em uma mesma equipe. Por Romário com qualquer camisa, por Muricy Ramalho em qualquer equipe. Por Juninho Pernambucano na terra de Zidane. Que Kaká entorte Materazzi.
Torci por Rivelino, Zico e Roberto Dinamite ao mesmo tempo nos bons anos do campeonato carioca. Por Reinaldo e Nelinho, no mineiro.
Torcerei sempre por Garrincha e Pelé. Também por Zidane e Maradona, desde que não seja contra o Brasil, clube ou seleção.