Futebol e a relatividade dos números

O sensacional paradoxo do futebol:
Quanto mais olímpico - mais forte, mais rápido- o jogador, mais ele se assemelha a uma estática peça do xadrez. A que tempo ocupa determinado - e quanto mais pré-determinado, melhor - espaço, mais eficiente se torna para a equipe e mais se sobressai (olha outro paradoxo aí!).
Tornam-se os técnicos mestres - vide a consagração de Luxemburgo, a surpresa de Renato Gaúcho, o resultado de Abel e a sobrevivência de Levir - ou incapazes - Leão é a bola maior da vez.
Este ângulo explica muita derrota e muita vitória, mas depois que acontecem. Ainda assim, com a devida ampla relatividade dos números.
Duas partidas no último fim de semana foram emblemáticas:
A seleção brasileira goleou a do Chile por 4 a 0. Fartou-se de crédito a escalação de Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Robinho. A lógica numérica explica: 3 atacantes de alto nível é proporcional ao número de gols feitos.
Porém, a goleada só foi possível devido à obrigação de que participassem da marcação. Matemática óbvia de novo:
Todos em marcação, igual a 1 contra 1 quando o Chile tinha a posse de bola. Perfeito! E quando o Brasil teve a bola? Alguém viu Fred jogar?
Dunga dissera:
- Sem treino, não dá para escalar Robinho, Kaká e Ronaldinho.

A intuição não exercida do treinador transformou o camisa 9 em número irreal. Logo, o Brasil goleou o Chile com 10. Tivesse enfrentado equipe mais taticamente aplicada, como as européias, o -1 seria a explicação para um possível malogro.
A segunda partida foi Palmeiras e Marília. Vitória apertada, 3 a 2. Entabuleirando-se o campo, encontra-se alguma razão numérica para justificar o ocorrido. Mas durante a partida, a lógica possível para equacionar a dificuldade foi que o Marília jogou com -11. Ou, na mais honesta interpretação da relatividade dos números, Edmundo foi mais que a soma de sua própria equipe e a adversária.
Algumas equações podem justificar a vitória palmeirense, mas nenhuma retratará a peleja mais fielmente que um único algarismo :
7, membro do seleto grupo dos números primos.

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