Marketing da surdez

A Associação Paulista de Supermercados – Apas se diz atenta ao consumidor no período de mudança de hábitos em relação a cobrança de sacolas, mas mantém o acordo firmado com o governo paulista.
Após reunião na última quinta-feira (03/02) com representantes do Procon –SP, a associação divulgou nota em que afirma também reforço na orientação aos lojistas de fornecimento de caixas de papelão.
O Procon em manifestação no dia anterior, recomendou oferecimento de embalagens alternativas aos que não quiserem pagar pela sacola de milho e, caso não haja alternativa, esta deve ser fornecida gratuitamente.
Os supermercadistas declaram atenção ao consumidor, mas agem como um serviço de telemarketing, insensível aos apelos do cliente.
Os consumidores estão insatisfeitos com a medida por se sentirem ludibriados. Os comerciantes reduziram custos, não os repassaram aos preços, vendem a ideia de responsabilidade social e lucram com a nova sacola, questionada quanto a sua correção ecológica. Especialistas e a população perceberam isso.

A campanha não colou. Qual parte desta premissa a Apas não entendeu?

 Há algo estranho na pesquisa citada pela entidade ao aferir 57% da população apoiando a proposta.
Se a pergunta feita se referia à questão estritamente ambiental; não se ouviu nenhuma manifestação contrária a medidas que diminuam a poluição.Portanto, o número é surpreendente baixo.
Se feita diretamente sob o ponto de vista econômico, o número parece não espelhar a reação generalizada, embora acuse a população dividida.
A data pode ser a chave,mas, para um debate aberto, os detalhes da pesquisa deveriam ser publicados.
Do contrário, o comportamento desta classe varejista até aqui sugere o caminho já trilhado por outros setores, o de ignorar a opinião pública e investir na propaganda de seu ponto de vista, em vez de investir na boa relação com o consumidor,ou, como se diz no jargão comercial, fidelizá-lo honestamente.

Abaixo, a íntegra da nota da Apas.


NOTA À IMPRENSA

A APAS (Associação Paulista de Supermercados) esclarece que está cumprindo todos os pontos firmados com o governo do Estado de São Paulo, conforme termo de cooperação assinado em maio de 2011.

A campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco, que substitui as sacolas descartáveis por reutilizáveis, está implantada em todo o estado, com adesão de 100% dos supermercados associados à APAS e encontra-se em fase de ajustes finais.

A APAS desenvolveu este projeto atendendo a uma demanda da sociedade e está atenta ao sentimento dos consumidores neste momento de transição. A entidade está reforçando junto aos supermercadistas que continuem a disponibilizar caixas de papelão gratuitamente aos consumidores que não levarem sacolas reutilizáveis aos pontos de venda.

A campanha, lançada em 25 de janeiro de 2012, recebeu índice de 57% de aprovação pelos consumidores, conforme pesquisa Datafolha feita entre o dia 26 e 27 de janeiro, na capital de São Paulo.

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1 Comentários

  1. Livio, como temos acompanhado nos processos eleitorais em nosso país, em especial na esfera federal, que insiste em dizer que vivemos no Pais das Maravilhas, a maioria não necessariamente percebe o que é ou não bom para o país. O mesmo se dá no caso das sacolinhas. Acho que o tempo de adaptação foi curto. As alternativas pouco divulgadas, porque as pessoas estão em suas zonas de conforto (inclusive com as sacolinhas...). Há muita passividade no chamado "povo" (nós), quando vemos leis que devem funcionar sendo excluídas (Ficha Limpa), aumentos absurdos para os detentores do poder (todos os escalões das três esferas) e o silêncio impera. Quando alguém grita, logo vem a turma de choque do PT, por exemplo, para acusar a Veja de fascista, retrógada, oposição. Aliás, não só a Veja, mas qualquer veículo de comunicação contrário à Cuba, digo, Dilma. A coisa é muito mais profunda. E como Lula foi displicente e desdenhoso com a lei (provocou, duvidou e contrariou determinações diversas - como o caso dos passaportes diplomáricos familiares, lei dos ambientes públicos livre do fumo, entre outras), e nada lhe aconteceu, por sua imunidade populesca, qualquer instituição ficou liberada para tripudiar ou desrespeitar normas, leis e bom senso. A ABAS segue o líder e "num tá nem aí"... eles continuarão vendendo horrores, enriquecendo os acionistas e ainda posarão de benfeitores da humanidade. Segue o jogo, diria Milton Leite (narrador esportivo Canais Globo).

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