A comunidade econômica internacional critica a expropriação da YPF. Azar deles, pois isso não faz a menor diferença nas decisões do governo argentino, e ainda pode atiçar a opinião pública em favor da presidenta.
A questão é se esta é a principal intenção da retomada do controle da estatal privatizada em 1999, controlada pela espanhola Repsol, com 57,4% das ações.
Para ampliar dos atuais 0,001% para 51% a posse sobre o total das ações, bastaria seguir as regras do mercado e propor a compra, como previa o contrato.
O tempo não provou que as privatizações foram um bom negócio. Desfazê-las como quer Cristina Kirchner, porém, é temeroso política e economicamente.
O tempo não provou que as privatizações foram um bom negócio. Desfazê-las como quer Cristina Kirchner, porém, é temeroso política e economicamente.
Tática militar
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Videla, inspiração sombria |
O governo preferiu usar de um expediente criado pelo ex-ditador Jorge Videla, invadir a sede da empresa e expulsar os representantes estrangeiros.
Levou às ruas com bandeiras e brados nacionalistas o povo que tem apanhado da economia desde o início do século, sob o pretexto de que os investimentos e a produção estão abaixo da necessidade do país. De acordo com o governo, houve redução acima de 30% de petróleo e de mais de 40% do gás nos últimos 5 anos.
A Repsol nega as contas governamentais e afirma que se trata de uma forma de desviar as atenções sobre a crise econômica.
A YPF refina cerca de 52% do petróleo do país, valendo em torno dos US$18,3 bilhões, de acordo com os europeus, o que lhes daria por direito mais de U$ 10 bi em indenização.
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Kirchner: Blefe, populismo, provincianismo ou o quê? |
A agressividade empregada no processo derruba o valor da empresa, interessa a quem quer comprar. A dedução óbvia é dos especialistas do mercado acionário, acreditando numa possível encenação antes do fechamento de um acordo, que, em última instância, poderia ser decidido pela OMC.
O atropelamento de contratos e acordos é um hábito muito conhecido dos brasileiros, surpreendidos sempre com aumento ou criação de sobretaxas não previstos nos acordos comerciais.
Campos brasileiros
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Na alça de mira |
O país tem engolido o golpe, e ensaia o mesmo agora, com o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, escapando pela tangente alegando não interferir na soberania do vizinho. A Petrobras teve revogada a concessão para exploração de gás na região de Neuquén pelo governo da província. Está marcada uma reunião sobre o assunto com a presidenta Graça Foster no fim da semana.
Talvez a partir daí fique mais claro se Cristina Kirchner não está agindo como reles alcaide das profundezas do vale da Prata. A nacionalização por si só não aumentará a produção, que requer investimentos de um governo ainda combalido, apesar de apresentar sinais de recuperação exatamente diante de medidas protecionistas.
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Estas elevaram o PIB argentino em 2011 em 11%, contra 2,7% do brasileiro. No entanto, descontada a inflação oficial de 9,5%, o crescimento ficaria em 1,5%.O levantamento do Indec, o IBGE deles, é contestado por economistas do setor privado, que calcularam a inflação do ano passado em cerca de 23%.
Para ter o apoio dos governos provinciais, Kirchner prometeu dividir com eles parte das ações das empresas expropriadas.
Como vai manter a seu lado aqueles que verdadeiramente pagam a conta ao longo do tempo, ainda é uma incógnita.
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