Cisma



Mal súbito ou desdobramentos do último escândalo envolvendo as inconfidências de seu mordomo? As especulações fervem no Vaticano, poço de conspirações e intrigas desde a consolidação do catolicismo na Europa.

Apesar da aparente debilidade física, Bento XVI vinha produzindo documentos e projetos que sugeriam perseverança e disposição para enfrentar uma das maiores crises da Igreja Católica Apostólica Romana da história, alimentada pelas denúncias de abuso sexual que explodiram no final do século passado.

Trabalhando pela beatificação de Paulo VI, se pronunciando sobre os conflitos étnicos, políticos e religiosos, bem como sobre a beligerância entre o primeiro mundo e o Oriente Médio, o Papa se mostrava motivado a liderar pessoalmente uma tentativa de reaglutinar fiéis e fortalecer o Vaticano. No início de dezembro criou uma conta na rede social Twitter,  por onde tratava de personalizar os princípios da religião.

Um dia antes de declarar oficialmente a renúncia, marcada para o dia 28 de fevereiro, postou em sua conta:  Devemos ter confiança na força da misericórdia de Deus. Embora sejamos todos pecadores, a sua graça nos transforma e renova.

Ponciano
Verdadeira ou não a justificativa oficial da renúncia, o ato anula todo o esforço empreendido pelo alemão Joseph Ratzinger desde que foi escolhido, em abril de 2005. Três de seus antecessores tomaram atitude semelhante, em períodos marcados por profundas cisões políticas ou doutrinárias:

Ponciano, em 235, renunciou após cinco anos de papado marcados pelo cisma devido a divergências doutrinárias com Hipólito, a fim de reunificar a Igreja.

Celestino V
Celestino V, em 1294, foi eleito por força do Rei de Nápoles para evitar o aprofundamento de uma crise causada por falta de lideranças. Tido como fraco e submisso, renunciou sob pressão do cardealato quatro meses depois acusado de favorecimento à sua ordem, os celestinos.
Gregório XII
 


 
Gregório XII, em 1415, após nove anos renuncia em prol do Concílio de Constança, convocado por ele para restaurar o comando único na Igreja, então dividido entre Roma e outros dois anti-papas estabelecidos em Avignon (França) e Pisa (Itália).




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