O frio fino da lâmina arrepiou o pescoço do Galo. O elenco
inteiro, inclusive o técnico, atribuiu a classificação para a semifinal da
Libertadores a Deus e Nossa Senhora.

Injustiça à parte com a competência do goleiro Victor,
ligado e eficiente desde o primeiro minuto de jogo, foi mesmo um Deus nos acuda
na organização da equipe mineira na partida contra o Tijuana.
Apesar da disciplina tática e do vigor físico aliados a uma determinação ímpar a um grupo recém- chegado a grandes
decisões, a equipe mexicana não era time suficiente para causar o sufoco visto no estádio
Independência.
Nada do que tornou o Atlético o melhor grupo do Brasil neste
ano funcionou. Se a retração do
adversário dificultou o ataque, a maior arma contra a situação, a troca de
passes rápida e os deslocamentos dos atacantes alvinegros simplesmente não
aconteceram.
O empate arrancado no México no primeiro jogo deu aos
atletas de Cuca a certeza de que tinham garantido a passagem de mais uma fase,
e pode ter sido esta a causa da inesperada má atuação. O excesso de finalizações de fora da área deixaram no ar a
suspeita de que o individual prevaleceu sobre o coletivo.
Jô foi elemento exemplar neste quesito. Quase não se viu o
atacante trocando bola com Tardelli, artilheiro da competição. Prejudicado na
função de pivô graças ao congestionamento programado pelo técnico Antonio Mohamed,
não interagiu com seus pares na busca de novos espaços e procurou resolver
sozinho a partir da intermediária. Foi apenas um exemplo, todo o grupo agiu
assim. Da falta desta interação surgiu o bate-cabeça na lateral que deu a Aguilar a chance de eliminar o último
brasileiro da competição.
Da seleção de 82 à desclassificação do Corínthians desta Libertadores,
são vários os casos de derrota por excesso de confiança, fator comum de desagregação de uma equipe.
A agenda carregada de jogos psicológica e fisicamente
desgastantes, a convocação para a seleção brasileira e a pressão por fazer
história também pesam, mas haverá tempo de arrumar a casa.
São mais de 30 dias até o confronto com o Newell’s Old Boys,
time bem melhor que o Tijuana. Para enfrentá-lo na Argentina, tão importante
quanto treinar alternativas táticas será manter a cabeça no lugar para que bola volte a correr redonda de pé em pé. Que o descontrole responsável pela suspensão de Réver da partida
sirva de lição.
0 Comentários