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"Pepe" Mujica: de mansinho, mas rápido |
A legalização da maconha aprovada pela Câmara do Uruguai
fere os tratados internacionais sobre o tema, segundo divulgou o Escritório das
Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC).
A ONU autoriza a liberação da cannabis apenas para uso
medicinal e de pesquisa. O governo uruguaio pretende regulamentar a produção, a
venda e o consumo da droga.
O presidente do Uruguai, José Mujica, está disposto a ir a
Nova York para defender o projeto com base no argumento que pode ser resumido
neste trecho de entrevista publicada n’O Globo:
“- A regulamentação é para enfrentar a
batalha do narcotráfico, que arrasa com tudo. A lei não é um ‘viva à erva’; é
para regulamentar algo que já existe e está debaixo do nosso nariz, para acabar
com a clandestinidade.(...)
- Se o consumidor está identificado,
podemos influir quando ele passa do ponto. Uma coisa é que fume um baseado,
outra é que se perca no vício e que ninguém consiga tirá-lo da roubada.”
Com a simplicidade capiau que lhe é peculiar, Mujica vai direto ao ponto. O combate ao narcotráfico é guerra perdida, reconheceu já a polícia do mundo, os EUA, que descriminalizam o consumo e a legalizam aos poucos, seguindo as limitações impostas pelas convenções da ONU.

Um novo projeto apresentado à Câmara pretende maior controle
sobre as bebidas alcoólicas. A iniciativa de confrontar o crime organizado assim
se junta ao combate ao vício e suas formas de tratamento.
O projeto
apresentado pelo médico e deputado Darío Pérez, do bloco governista, para quem “com
lei ou sem a maconha é uma bosta(sic)”, restringe a venda de bebidas entre 22h
e 8h a locais previamente autorizados, além da proibição total em alguns
locais, como centro esportivo e proximidades de centros educacionais.
Em português
A
descriminalização da maconha, que no Brasil tem como o mais eminente defensor o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, permite à polícia se concentrar no
combate ao tráfico, mas não enfraquece o cultivo ilegal e mantém a estrutura
comercial clandestina. Pelo contrário, a liberalização sem o controle da
produção pode gerar o fortalecimento dos grupos narcotraficantes, ainda que o
resultado obtido nos levantamentos do governo português indiquem ligeira tendência
contrária.
A “erva”,
como lá é comumente chamada, está descriminalizada desde 2001 em Portugal. A alteração
da lei foi acompanhada da instalação de centros de atendimento médico e
psicológico a usuários, o que permitiu o mapeamento e o aperfeiçoamento dos
tratamentos. O resultado mais significativo alcançado até agora foi a queda no
consumo de drogas ilícitas, principalmente heroína, cocaína e LSD por jovens de
15 a 19 anos. No soma geral, houve pequeno aumento do consumo de drogas, na
mesma proporção dos outros países europeus.
O cultivo,
em proposta semelhante à aprovada pela Câmara uruguaia, está em discussão no
parlamento.
Se o modelo do
cone sul é um avanço no trato da maconha, a proposta de maior rigor no controle
do uso de álcool é vista como retrocesso pelos opositores. Reclamam do excesso
de interferência do Estado na vida privada.
O Uruguai
está entre os maiores consumidores de bebidas alcoólicas per capita do planeta.
Trazendo esta
questão durante o debate no Senado sobre a cannabis, o governo pode ser acusado
de tudo, menos de estar drogado ou bêbado.
Com perspicácia
e lucidez, a frente parlamentar que o apoia emparedou a hipocrisia que cerca o
consumo de drogas lícitas e ilegais.
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