A discussão sobre rolezódromos na capital paulista nasce entre empresários e governo estadual ao
mesmo tempo em que a prefeitura pronuncia a inviabilidade de criar um parque na rua
Augusta. Cada lado por si busca paliativos para a demanda única da população. E escapa a oportunidade de solucionar com verdadeira responsabilidade social problemas da metrópole.
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Área livre na Augusta: rolezódromo quase pronto |
O terreno particular que a administração municipal afirma
não haver recursos para desapropriar está localizado em área já tomada
diuturnamente por jovens. Tem estrutura
comercial consolidada e fica ao lado da praça Roosevelt, palco de toda forma de
manifestação cultural e de conflito entre skatistas, patinadores e afins e a guarda municipal. Há escolas, teatros e
casas de shows no entorno. Além de tudo,
é de fácil acesso através da malha de transporte público.
R$ 100 milhões, o custo estimado da área, cotizados entre
estado, município e iniciativa privada não é muito, ainda mais se forem
considerados os benefícios. O impacto ambiental positivo e a contribuição para
a revitalização do centro são óbvios e imediatos. O investimento para fazer do
local um espaço público é ínfimo. O ganho político seria incomensuravelmente
maior que o obtido pelo então prefeito Gilberto Kassab quando limpou a fachada
da cidade das enormes placas e letreiros. A iniciativa foi fundamental na conquista
de seu segundo mandato.
Os empreendedores interessados na construção de um conjunto
residencial e comercial ficariam frustrados, mas é o preço da democracia. A maioria dos paulistanos quer mais áreas
verdes, mais espaços públicos.
Integrar os variados grupos na região central da cidade
parece mais eficaz na política de inclusão e de redução da tensão social do que
a criação de ilhas na periferia.
Os investimentos nos bairros mais afastados são necessários,
mas a prioridade é outra e sabida. Produzir rolezódromos onde faltam educação,
saúde, transporte e segurança soa demagógico. É um esparadrapo sobre a ferida ainda
infectada, fadado ao abandono com o passar de pouco tempo.
Muito das necessidades dos habitantes pode se resolver com medidas simples. Os eleitores sabem disso e têm rejeitado nomes tradicionais à espera de quem possa honestamente quebrar o paradigma das invencionices.
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