
O imaginário de Brasil como país do futebol parece a única justificativa para jogos tão bons. Vem à memória a Copa de 90, na Itália, escola defensiva onde prevaleceu o futebol de resultados, feio. Evidentemente existe um quê de lirismo, pois escrevo imediatamente ao fim de Irã X Argentina. A vitória oriental só não aconteceu, vejo eu, por falta de um atacante um pouquinho que fosse acima da média. Menos por torcer pelo mais fraco, ou contra a Argentina. Foi um jogo emocionante para entendidos ou não em futebol.
Se a justificativa procede, ainda bem que o futebol nacional
não é visto mundo afora. Disse uma vez um dos grandes nomes na literatura
brasileira – acho que João Cabral de Melo Neto, e não exatamente com as mesmas
palavras - que o Brasil no todo era maravilhoso, mas em partes, ruim. Os campeonatos internos são sofríveis,
sujeitos a lampejos. Neste caso, há explicações, não, justificativas. A extinção de campinhos, onde craques nascem, o
êxodo prematuro de atletas, as peneiras dirigidas por empresários são algumas
delas, com razão. Mas há um fator em debate por especialistas merecedor de mais
destaque. Os técnicos brasileiros estão
superados?
Os treinadores apanham demais. Não têm tempo suficiente para
desenvolver um trabalho, um conceito, comprometendo consequentemente o desenvolvimento
da base, sensível ainda às explicações anteriores. Mas também é fato que não sabem como lidar com
tais adversidades. O colombiano Jorge Luis Pinto, da Costa Rica, e o português
Carlos Queiroz, do Irã, e o greco -australiano Ange Postecoglou, da Austrália,
são exemplares.
Há uma ideia predominante desde a conquista da Copa de 94,
fermentada a partir da decepção de 82, personificada em Parreira: cuidemos de
ocupar os espaços na retaguarda, tomar a bola, e então, o talento brasileiro
fará a diferença.
A realidade nos impõe
decadência de talentos na formação, troca de nacionalidades e a profusão de
novos talentos mesmo na terra dos “cinturas duras”.
Não haveria aí um legado técnico a ser apreendido com a Copa
no Brasil?
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