
O que teria levado o governo a acertar a equanimidade no
trato aos detentores dos papéis da dívida da moratória de 2001 pode ou não ser
classificado como barbeiragem, mas o fato é tratar-se de outra coisa o embate que
novamente coloca a Argentina em moratória.
São 7% dos títulos da dívida em questão. 93% foram
renegociados entre 2005 e 2010. O que levou a justiça norte-americana a se
meter no assunto foi a ação impetrada por donos de 1% dos títulos. Quem são?
Um é o fundo de
investimento NML Capital, controlado pela Elliot Management Corporation. O
grupo, majoritariamente dedicado aos negócios financeiros, já tinha feito
jogadas semelhantes com a Argentina, comprando bônus em moratória de Peru e
Congo, segundo apuração da agência EFE de notícias. A Elliot é propriedade de Paul Singer,
milionário advogado de profissão, criador da American Task Force Argentina
(Afta), que faz lobby entre juízes, legisladores e meios de comunicação para
convencê-los de seus argumentos no litígio entabulado contra a Argentina nos
tribunais de Nova York.
Outro dos fundos é o EM, de propriedade do magnata Kenneth
Dart, residente nas Ilhas Cayman, famoso por ganhar um julgamento do Brasil
após comprar bônus "lixo" e por ser o dono da maior fabricante de
copos térmicos dos Estados Unidos, cuja filial na Argentina foi denunciada em
2013 pelo Fisco por supostas superfaturações e fuga de divisas.
O terceiro é o
fundo Aurelius, de Mark Brodsky, também magnata e advogado como Singer, e que
já trabalhou no mesmíssimo NML. Ainda
segundo a EFE, Brodsky foi batizado de "Exterminador" pelo jornal
britânico "Independent" devido à pouca flexibilidade como credor e
pela fama de fazer suculentos negócios comprando bônus de empresas em crise
para depois permutá-los por ações e voltar a ser seu dono.
Os especuladores
pagaram entre US$ 0,30 e US$ 0,40 para cada US$ 1,00 da dívida. A proposta do
governo argentino lhes renderia 300% de lucro no negócio.
A aposta em
títulos podres como os “Subprime”, lícita no mercado, foi o que detonou a
grande crise financeira da qual o mundo ainda não se recuperou.
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