Distância, atenção


A probabilidade de que o pleito ocorra outra vez em ano que o Brasil sedia a Copa do Mundo, com intempéries climáticas de alto poder eleitoral e morte de um dos principais candidatos é inimaginável.
As eleições atípicas merecem olhar à distância e mais atenção aos acontecimentos, sem desvios.  Previsões neste contexto não servem para além da vaidade de dizer depois que acertou – com tantos tiros, alguém acertará alguma coisa.

Arquitetura de Campos


O nome do sucessor de Eduardo Campos na chapa é menos importante do que sua representação.  Em questão está a costura política entre grupos tão diferentes quanto a Rede e o PSB . 
A astúcia do pernambucano o aproximou do setor do agronegócio mesmo com Marina de vice. 
 A quem caberá responder politicamente por esta relação complicada, um membro da Rede, ou do PSB?
Campos se engajou na arquitetura de um arco de apoios e relações políticas formado por usineiros, ambientalistas, socialistas, banqueiros, petistas, tucanos, velhos coronéis e novos militantes digitais.
Se houvesse outra personagem política com tal talento e habilidade, estaria brilhando em qualquer partido em que estivesse. O passado recente ensinou que, sem um nome com este perfil, não há como manter o pacto.
 

Rede de Lula


Lula foi capaz de juntar contrários e dar uma cara àquilo, conduzindo com mão firme e rédea curta as diferenças, se impondo nos conflitos.  Sua sucessora tem que lidar com dezenas de ministérios, retrocedeu na moralização da máquina e, mesmo assim, vive sob pressão e ataque constantes da maioria que tem no Congresso. Creditar o quadro à inexperiência de Dilma Roussef é esquecer o traumático governo do tarimbado José Sarney.

Balaio de Sarney


Sarney e Tancredo
Da saída, quase entregou o cargo quando soube que teria que assumir a Presidência da República em 1985, como vice do falecido Tancredo Neves.  Ele próprio era parte das negociações arranjadas pelo mineiro para assumir pelo PMDB o primeiro mandato civil após 21 anos de comandos militares.
Dizia-se que nem Tancredo conseguiria administrar a colcha de retalhos que garantiu a transição e sua eleição no colégio eleitoral.
Sarney fez o juramento de posse com as mãos trêmulas e terminou o mandato em 1990 com quatro planos econômicos - um para cada matiz e tonalidade ideológica - a consolidação do Centrão - pai do fisiologismo atual - e marcado pela estagnação econômica, política e social. A Constituinte, promulgada em 1988, passou ao largo de suas aspirações e influências.

Saco vazio

 
Marina tem cintura?
A coligação de Eduardo Campos não tem musculatura suficiente para administrar o país. Apostava no talento do líder para arregimentar sustentação sem tanto toma-lá-dá-cá, caso vencesse. Agora, não tem mais nem o amálgama da coligação.
Todo o feito de Campos foi embora com ele.  Com o forte poder de voto de Marina ou não, é preciso recomeçar do vazio. Esta reconstrução é que definirá se haverá mais novidades neste pleito.  Ela terá que se dar, ou o PSB teria a fragilidade do PRN de Fernando Collor caso chegue ao poder pela comoção. 
 
 
 

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