Ânima

Copa Libertadores

  
A questão técnica principal a ser resolvida pelo São Paulo para tentar quebrar a sequência de três derrotas para o Corínthians é a proteção da área defensiva. Desacelerar Sheik e Elias nas retomadas de bola pode ser a chave. Taticamente o tricolor não fez feio nos confrontos. Faltou ânima, a alma.

Onde se esconde a alma do time, a esta altura, já não importa. Resgatá-la de supetão, no entanto, é algo que Milton Cruz e o goleiro Rogério Ceni sabem que é possível. Presenciaram o fenômeno na conquista do Mundial de Clubes de 2005.

O time chegou à final contra o Liverpool depois de vencer o saudita Al-Ittihad por 3 a 2 jogando mal. A defesa falhou, a marcação sucumbiu à velocidade dos oponentes, o ataque finalizou com displicência e sofreu “apagões” durante o jogo.  Havia desassossego no grupo causado por conflitos na distribuição da premiação aos jogadores e especulações sobre a renovação do contrato do atacante Amoroso.

A equipe inglesa treinada por “Rafa” Benitez era a sensação do momento. Vencera com folga o costarriquenho Deportivo Saprissa por 3 a 0.  Vertia confiança, tinha a maioria do público japonês a favor. 

Os brasileiros estavam visivelmente apreensivos. Raí foi convidado a participar do treino anterior à partida a fim de levantar o moral do grupo. O técnico Paulo Autuori ensaiou uma única jogada, com o atacante Aloísio voltando para o meio de campo, atraindo a marcação e abrindo espaço para avanço-surpresa de Mineiro.


Funcionou. A coesão do grupo superou a inferioridade individual. O são Paulo foi bombardeado nos noventa minutos, mas não errou porque cada jogador jogou pelo outro cobrindo lacunas na recomposição da defesa e se aproximando para tabelar no ataque. 

 Parecia não bastar, pois Rogério precisou se desdobrar em uma das mais brilhantes e decisivas atuações da carreira – foi eleito o melhor do torneio. O Liverpool dominou, mas perdeu por 1 a 0 - gol ensaiado de Mineiro.