Enfim, o tom emocional tão reclamado nestas eleições. Pelo que se viu, a equipe de Lula acertou ao aconselhá-lo a não participar dos encontros anteriores. Se foi acuado por Alckmin, imagine como seria cercado também por Heloísa Helena e Cristovam Buarque. A segurança e auto-confiança, fundamentais para o equilíbrio do debate, poderiam faltar ao Presidente em caso de um ataque em massa.
Respondendo, e batendo, na mesma linha do tucano, o petista aceitou jogar no campo adversário. Melhor para a imagem de Alckmin, que, se não enterra, ao menos anula a condição de "sem gosto" e nutre seus defensores e correligionários com boas doses de paixão e agressividade. Por outro lado, atiça e anima a massa petista, além de correr o risco de levar à reaproximação dos desgarrados pela desilusão criada pelos aloprados e afins.
O início do segundo turno remete ao clima do segundo turno de 89, quando a radicalização emocional solidificou a tendência do eleitor. Mais experiente e à vontade nessas circunstâncias, Lula pode aí encontrar espaço para neutralizar o crescimento de Alckmin.
O governador de São Paulo vai precisar de criatividade. Visceral, pode desgastar rápido o bordão " de onde veio o dinheiro?". Precisará ainda de muita sensibilidade. Um erro de medida da temperatura dos ataques pode transformá-lo em um aventureiro, aquele tipo de candidato com muito discurso e pouca idéia. O eleitorado de classe média, caríssimo a Alckmin, está atento às propostas concretas.
Não quer mais sustos, nem decepções. Afinal, a despeito do comportamento retrógrado da classe política na condução da coisa pública, a democracia avança.
1 Comentários
A equipe de Lula pode até ter acertado em aconselhá-lo a não participar dos debates do primeiro turno, mas vai ser preciso bem mais que criatividade e sensibilidade à equipe de Alckmin. Agora, é ele quem está claramente acuado, apesar da segurança e da auto-confiança aparentes. Na verdade, o tipo “muito discurso”, correspondente ou não à realidade, já foi sentido, e fez estragos.
ResponderExcluirNão deu certo a tática transformá-lo, de tucano, em pavão agressivo, para conquistar votos.
O pássaro caiu, e o fruto-do-mar, subiu. Pelo menos é o que dizem as pesquisas. Lula manteve o discurso simplório, e exemplificou a ineficiência dele em saber o que acontece no governo de forma quase infantil. " Às vezes você está na cozinha da sua casa e não sabe o que acontece na sala, com seu filho". O povo gosta disso. Mas, como diria o ditado, “saiu bem melhor que a encomenda”... Uns votos de Heloísa Helena aqui, outros de Cristovam Buarque ali, e do próprio adversário, acolá. Resta saber se Alckmin vai voltar a ser ele mesmo, numa desesperada tentativa de "perder por menos". Porque, 'a menos' que algo do outro mundo pouse no Planalto Central, arrisco dizer que a vitória de Lula é irreversível.