Técnica e política são como água e óleo. Quanto mais técnico é um profissional, menos político é, e vice-versa. E os dois tipos se (des) encontram em todas as esferas. Os críticos dos dois principais candidatos à Presidência de República são acusados de frios e metódicos, pouco amigáveis e de não terem jogo de cintura. E são reconhecidamente competentes. Segundo seus detratores, a maior falha é a incapacidade de aglutinação, ou seja, de fazer política. Dunga está se colocando neste grupo.
O técnico da seleção brasileira é irrepreensível ao tratar da mesma maneira todos os veículos da imprensa. Só isto já seria o suficiente para insuflar ataques políticos. Tratando mal, facilita a articulação dos oponentes. Normalmente, seja nos governos, seja nas empresas, os políticos vencem esta disputa, por mais eficientes que possam ser o técnico e seus resultados.
Segundo a Folha de São Paulo, a filha do presidente da CBF Joana Havelange, integrante do comitê organizador da Copa no Brasil, esteve no QG da Rede Globo na África do Sul. Negou ter falado sobre Dunga. O mesmo jornal noticiou reunião do chefe da delegação, Andres Sanchez, com membros da emissora. Teria dito que apenas tratava de organizar uma festa de aniversário para um de seus repórteres. Confesso que não sei se o pior é acreditar ou duvidar de sua versão. O ruim mesmo é notícia de que Ricardo Teixeira não tem conversado com o treinador sobre esta tensão. Deveria tomar a iniciativa imediatamente. Não há boa ou má hora. Há interesse ou não de tentar evitar o acirramento.
Se omitindo, o cartola deixa espalhar um cheiro de óleo queimando. A suposição de que se o Brasil não for campeão, Dunga será atirado sem dó nem defesa aos leões. Se conquistar o hexa, sairá da CBF como campeão. Mas sairá. Torço para que confie menos em apoio de Teixeira. Que ele próprio a tempo consiga baixar a temperatura. Água ou óleo, quente pode provocar lesões graves e cicatrizes indeléveis.
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