Já ouvi várias explicações para o fenômeno Marina no primeiro turno. A mais convincente para mim foi dada pelo garçom de uma lanchonete que serve uma deliciosa salada de atum, aqui em São Paulo. Passada como indícios jogados no ar, em gotas, a partir de um mês antes da votação. Tenho o hábito de degustar a tal salada de folhas, legumes e atum uma vez por semana. Reconhecido pelo trabalho na TV, o bem falante servente sempre puxava papo sobre o campeonato brasileiro, até que o sondei sobre as eleições.
Feliz e satisfeito com o aumento de seu poder de consumo, era eleitor convicto de Dilma Roussef. Parecia inarredável.
Há cerca de três semanas, me perguntou se um presidente tinha poder para aumentar as verbas para educação. Entre uma garfada e outra, lhe expliquei como se dava a questão da divisão de verbas, aprovação no congresso, emendas, etc...
Percebi ter ele prestado atenção no discurso de Marina Silva, embora dissesse não acompanhar o horário político gratuito.
Uma semana depois, nova salada, novo indício. Perguntei sobre o que achou das denúncias contra Erenice Guerra. De maneira geral, considerou apenas “mais uma das armações de políticos”, e acreditava que José Serra estava por trás da exploração do fato.
Resolvi comer outra salada de atum três dias depois por curiosidade. O garçom disse que achava Dilma muito dura, o que entendi como uma espécie de “comunista autoritária”.
Só me dei conta de que este movimento era real e grande depois das urnas apuradas, pois um personagem, estatisticamente, não explica nada. Mas, ao que tudo indica, seu comportamento era a projeção de seu meio.
O discurso do medo, os ataques a José Dirceu parecem ter surtido efeito, mas não se transformaram em votos para o candidato tucano.
Será que o garçom, católico, com formação ginasial, não se dispondo a trocar Dilma por Serra no primeiro turno, o fará no segundo?
A tal saladinha é boa, barata, vou comer outra lá esta semana.
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