Na onda do show de Paul McCartney no Brasil, vale rememorar o desaparecido XTC. Desaparecido porque a banda não anunciou seu fim, embora suas duas cabeças tivessem se desentendido oficialmente no fim de 2005. Apresentação, aliás, não era o forte do quinteto, depois trio, inglês. O líder Andy Partridge, segundo dizem alguns de seus seguidores, era tímido demais, não gostava de palco, o que desmontava qualquer estrutura de marketing. Por conta disso, o XTC não teria se tornado uma celebridade.
Há quem diga que o sucesso não veio por conta do som extremamente elaborado. Conhecendo a discografia, é difícil aceitar esta versão.
O fato é que, por motivo não bem explicado até agora, o XTC não encarou a pressão do esquema estúdio-turnê-clipe em doses cavalares, mas se desmanchou mesmo assim.
Nascido em 76, bebeu o isotônico do punk depois de aleitado por Beatles, abraçou de peito aberto a new wave a fim de entrar para o mainstream, ou seja, queria mesmo fazer sucesso pop. E fez pop com uma competência rara.
Ao longo dos 12 discos como XTC a influência dos Beatles é indelével. Em outros 2, os mesmos integrantes formaram uma banda absolutamente distinta, The Dukes of Stratosphear, inspirada nos psicodélicos 60, assim como viajou a troupe de John e Paul, mas inacreditavelmente tão boa e diferente do quarteto de Liverpool.
A comparação surgiu dos arranjos caprichados e das inovações em estúdio. O produtor e o engenheiro de som da banda acabaram depois trabalhando com o próprio McCartney, Police e U2.
O Police e os Talking Heads teceram elogios à banda nos anos 80. Alheio a tudo isso, o baixista de fraseados emocionantes Colin Moulding, parceiro vocal do guitarrista Patridge, se disse de saco cheio e se isolou.
Corre à boca nem tão pequena que há pouco (2008) Moulding e Partridge teriam voltado a trocar e-mails. Para os fãs dos Beatles e de Paul, seria muito melhor torcer pela reconciliação a recorrer ao Oasis, que, em relação a XTC, não passa de cover de Sir McCartney.
Eclético e criativo, o som da banda é impossível de ser resumido a uma música. Escolhi Miniature Sun, do disco Orange & lemons (89) porque a vejo no meio caminho entre o pop XTC e o lisérgico Dukes of Stratosphear, além de ressaltar a dissonância, a sintonia vocal entre Moulding e Partridge, e a linha do baixo, formadoras da sequência genômica desse grupo de história original e inacabada.
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