Espumante sem gosto

O crescimento em 20 vezes do patrimônio em 4 anos não é nada mal. Mas pode fazer muito mal a alguém com pretensões públicas.

À luz da nossa realidade:

Premissa número 1: Os meios, os modos e o período são questionáveis. É por aí que a oposição pretende marcar posição.

Premissa número 2: Palocci, o alvo em questão, não é o único a enriquecer após uma temporada no poder. O modo, no período em que exerceu o mandato de deputado federal, justificou o meio do enriquecimento, no parecer da Comissão de Ética Pública da Presidência. É por aí que o governo se defende e tenta desmontar a armadilha retórica.

Politicamente, é inacreditável a insistência do PT em seguir a picada aberta pela oposição - há pouco, situação – de caminhar pelo, senão ilegal, ilegítimo, em nome da governabilidade. Mesmo que a denúncia seja "fogo amigo", os atuais opositores são os que sabem onde a trilha termina.

Não parece suficiente o desgaste sofrido com o episódio do mensalão, quando o governo Lula foi acusado de práticas comuns a governantes anteriores, os quais, por isso mesmo, atiraram à vontade, por pouco não criando uma crise institucional.
O embate, como está e parece caminhar, apenas alimenta o que há de mais nocivo no processo de maturação da democracia, o posicionamento da maioria da sociedade civil baseado na emoção.
Linha de frente na picada com cheiro forte de traição ao espírito público, a oposição faz jogo de cena quando pede apuração dos clientes de Palocci. Os políticos – não os partidos, os políticos – que não fazem parte da base governista e exerceram mandatos anteriores a esta legislatura, seja lá em que âmbito for, conhecem muito bem os clientes.

Neste jogo intrínseco à esfera congressual, escorre entre os dedos o maior tesouro de um homem público: a credibilidade perante a nação.
Que Palocci venha a público, garantido como está pela comissão de Ética Pública, explique o que é a empresa Projeto e se torne um parâmetro nas relações entre os interesses públicos e os privados, preservando seu direito de resguardar informações contratuais.

Se a oposição permanece inodora no regime democrático, que o governo se inspire em sua história partidária e faça vanguarda na condução política nacional.

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