O DEM ingressou no STF com uma ação direta de inconstitucionalidade contra o aumento de 30% no IPI para os carros importados, decretado há seis dias. A pretexto de defender a classe média brasileira, a mais eleitoralmente paparicada desde a melhoria na distribuição de renda, a oposição parece mais disposta a cometer bullying contra o governo petista.
Defender a “exportação de empregos”, expressão dos governistas, não é razoável. Proteger uma indústria tecnologicamente defasada e pouco preparada para uma concorrência aberta no Brasil, tampouco.
O embate político nubla a verdadeira sangria econômica que o setor automotivo anda provocando na economia nacional.
As multinacionais de todos os setores apelaram às filiais brasileiras por mais recursos desde o início da crise, em 2008, e o vertiginoso crescimento das vendas de automóveis no país tem feito das montadoras a principal porta de saída da riqueza produzida no país.
A indústria automobilística remeteu às matrizes cerca de US$ 5,5 bilhões, ou 17,3 % do total de lucros remetidos ao exterior no ano passado, segundo o Banco Central.
Apenas no primeiro quadrimestre deste ano ela participou com 26,2% (US$ 2,2 bi) dos US$ 8,5 bilhões remetidos entre janeiro e abril, 143% mais do que no mesmo período de 2010.
As montadoras foram responsáveis por 20,8% (US$ 3,2bi) do total de US$ 15,266 bilhões em lucros e dividendos enviados ao exterior este ano, até julho. O setor financeiro, segundo lugar entre os remetentes, 12,5%, e o de telecomunicações , o terceiro, 10%.
O governo protege a versão pós-moderna do quinto, a fatia do ouro extraído remetida diretamente aos cofres da realeza de Portugal. A oposição passa ao largo da questão.
O déficit na transação corrente em 2011, ainda de acordo com o Banco Central, chega ao fim de julho em US$ 28,945 bilhões.
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