A burra, a bolsa e a turba

A tal da unanimidade burra ganhou dimensão planetária:

A acomodação técnica – realização de lucros vitaminada pela malfadada venda à descoberto – dos tubarões que faturaram mais de 200% só na compra de médio e longo e longo prazos na Bovespa, por exemplo, desde 2009, virou crise financeira.
A queda na produção e no emprego já eram esperados, e portanto, “ precificados” pelos mercados mundo afora desde o fim da primeira onda de queda.

Bolsa
A amplitude da elevação dos índices acionários refletiu isso. Na terra da marolinha, bateu no patamar pré-crise, em torno dos 74 mil pontos, com mais otimistas especulando a possibilidade de que ultrapassasse os 80 mil desde o fim de 2010.
Na Alemanha e nos Estados Unidos, não voltaram aonde estiveram em 2007. Frankfurt teve seu pico em 2007 na casa dos 8.100 pontos. O índice Dow Jones, 14.200. Na recuperação elas fizeram o ápice em torno dos 7.600 e 12.900, respectivamente.
Se algo saiu aquém das expectativas, foi a lentidão da reação americana, e a forte pressão da oposição política a Obama, com o mercado financeiro fazendo coro com o Partido do Chá e parte da própria bancada democrata disposta a minar um segundo mandato ao atual presidente.
As previsões, projeções e revelações sobre a economia na zona do euro indicam muito tempo duro pela frente. O que, em termos de fundamentos, significam dificuldades para trabalhadores e empresas, levando a uma queda no consumo - o que ainda não se configurou como o esperado, levando a uma preocupação também com a inflação - na produção e nos investimentos. A conclusão lógica: o valor de mercado das empresas tende a cair. No longo prazo, de quanto será esta queda é ainda uma incógnita para os especialistas, mas deixando claro que as bolsas podem estar longe do fundo do poço, distantes do ”ponto de compra”, não estão baratas para quem pensa em investir para a aposentadoria.

Turba
Generalizou-se o rótulo de baderna e tumulto o que tem se espalhado pela Inglaterra. Houve saques, uma multidão enfurecida escapa do controle. Mas ela nasce da insatisfação das minorias sociais e éticas com tratamento recebido por parte do aparelho de segurança social.
Não se restringe à truculência da polícia, o que vem chamando a atenção do mundo desde o episódio do assassinato do mineiro Jean Charles de Menezes, há seis anos. Os programas sociais voltados para a educação e a formação de jovens chegaram a ser cortados em algumas cidades em mais de 70 por cento.
Não se pode esquecer que as primeiras manifestações nas ruas londrinas se deram após o anúncio de cortes nos investimentos em educação, como parte de ajustes objetivando o equilíbrio das contas públicas. A receita neoliberal para a cura das feridas abertas pelos excessos do mercado tem obrigado os governos a darem as costas ao povo.
Nas democracias consolidadas, a reação é contundente.
Os sindicatos italianos organizam manifestações contra o plano do governo Berlusconi de cortar do orçamento 45 bilhões de euros (cerca de R$103 bilhões) até 2013, incluindo privatizações, anunciado neste fim de semana.

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