Quanto pior, melhor para os governantes

Todo ano eleitoral é a mesma coisa. Qualquer reivindicação de trabalhadores do setor público é taxada de politiqueira, numa tentativa tornar a categoria antipática à opinião pública. Tratados como terroristas, os grevistas do transporte de massa sobre trilhos se veem de novo rotulados como praticantes do "quanto pior, melhor". A arma continua funcionando como meio de desviar o centro da questão, o reajuste salarial e as condições de trabalho.

O "quanto pior, melhor", não é exclusividade da política brasileira, mas de fato é a mais pobre das estratégias de oposição, especialmente nesta era de busca por novos modelos, tanto de gestão pública ou privada, de responsabilidade social, sustentabilidade, etc.
No entanto, a tática segue comum a quem quer que esteja na oposição. Já há quase 12 anos no poder, o PT não encontra na oposição quem não  a privilegie, à exceção de Marina Silva, resistente ao maniqueísmo da estrutura adesismo-denuncismo, e, por isso, sem partido hoje.

Na esfera estadual paulista, a situação se desenha inversa. Acuado com denúncias de licitações irregulares, obras mal executadas e faraônicas, falta de planejamento adequado no atendimento aos usuários e litígios com  fornecedores de equipamentos, o governo tem apostado no confronto com os sindicatos dos metroviários e ferroviários. Quanto pior o embate, melhor para o governo, que deixa a berlinda para seus empregados.

A greve no metrô não cresce ou só acontece em ano eleitoral. Ganha visibilidade, alimentada em muito com a desculpa surrada de que é eleitoreira, tão surrada quanto às acusações que se tem repetido nos últimos anos de que os problemas nas linhas de metrôs e trens são sabotagens. Não só não foram apuradas até hoje qualquer prova sobre isso, como as empresas e o governo estadual de São Paulo acabaram assumindo falhas de equipamentos, o que nos faz pensar sobre quem realmente alimenta o clima de conflito exacerbado.
A ineficiência de governantes acaba nos empurrando para o caminho da privatização. Embalados pela simplicidade e lógica da proposta, nos esquecemos que o transporte por ônibus coletivos na capital paulista é privatizado.

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