No programa eleitoral da noite desta terça-feira, se a
coligação do petista não tivesse avisado
“começa aqui o programa...”
acabaria enredado na tentativa do adversário de ludibriar o eleitor. O “começa aqui...” foi criado no meio da
campanha à Presidência em 1989, após Collor esfarelar a dianteira do hoje
vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos, colando no programa dele um
final arremedando o início do tempo do PL com falas desagradáveis ao
eleitorado. Afif despencou mais vertiginosamente
que Russomano agora em São Paulo e o governador de Alagoas chegou ao segundo
turno.

Não foi o suficiente. A vitória começou a se
desenhar n a denúncia de que o metalúrgico teria tentado convencer a ex-mulher
Miriam a abortar a filha que hoje atua em campanhas petistas. O abatimento causado pela acusação prejudicou
o desempenho televisivo de Lula na reta final da campanha. Ainda não bastou. O então candidato do PRN foi turbinado pela
edição do debate pela Rede Globo.
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Serra olha feio para a esquerda... |
O próprio Serra tentara recriar o clima de temor na campanha
presidencial de 2002, veiculando no horário eleitoral um depoimento da atriz
Regina Duarte afirmando ter medo de uma vitória de Lula. Gerou polêmica, mas não dividiu a nação.
Após a chegada do PT ao poder, o discurso - mostram as pesquisas - não tem efeito maior que agrupar aqueles que
já rejeitam o adversário. Na cidade de São Paulo, o eleitorado conservador historicamente garante 30% dos votos. Outros
30% equilibram o jogo como fiéis à esquerda e progressistas. À média de 15% de abstenções, brancos e nulos
somam-se os 25% restantes de eleitores dispostos a ouvir os candidatos.
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... e Haddad joga charme para a direita |
Propostas e questionamentos dos projetos adversários são
duas das maneiras de conquistá-los. A melhor forma, porém, é não ser agressivo
com o oponente. A tendência de vitória
acachapante de Haddad pode ser entendida por aí.
O argumento que falta aos indecisos Haddad tem de sobra:
membro da elite cultural paulistana, bem apessoado e de fala mansa, não mete
medo.
É ele Fernando Henrique Cardoso enfrentando Collor neste 1989 como farsa.
A quatro dias da eleição,
seguindo sua linha o tucano precisa de
um escândalo para virar o jogo. A
distância entre os dois candidatos nos levantamentos da opinião pública sugere
que, se há algo de grave contra o ex-ministro da educação, é um erro tático não ter ainda divulgado. Não apresentando nada de contundente, a
campanha do PSDB só avaliza junto a moderados a candidatura Haddad.
A lógica, na ponta do lápis, dá 70% a 30% em favor do “poste”
de Lula.
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