A vingança de Parreira

Dá gosto ver o entusiasmo de Carlos Alberto Parreira para a final contra a Espanha.  Aos 70 anos, encontrar motivação depois de ter vencido uma copa do mundo e participado do grande grupo do tricampeonato no México é quase uma lição de vida a ele próprio, que dizia ter encerrado o trabalho à beira do gramado.
Mesmo com Felipão na linha de frente,  o coordenador de seleções tem o semblante feliz de quem participa ativamente da evolução seleção. E mostra a cara lá, do banco de reservas.

Derrotar a Espanha, ainda que não seja no torneio maior do futebol mundial, pode se tratar de uma vitória pessoal marcante, a despeito de ostentar o título da competição de 2005.

Profundo conhecedor e estudioso, o coordenador técnico é protagonista na solidificação da mais contundente modificação da cultura tática do Brasil desde os anos 50.
Defensor aberto de uma guarda disciplinada sempre atrás da linha da bola, com pelo menos 9 homens, tratava de abrasileirar a retranca dominante nos campos europeus , estratégia entediante cuja marca foi transformar 1 X 0 em goleada.  Conquistou a Copa de 94, não por acaso, numa disputa de pênaltis.  Fincara ali sua bandeira de que o mais importante  que jogar bonito é vencer.

Apesar das críticas, lavara a alma dos defensores da malfadada formação de Sebastião Lazaroni em 90, a negação do futebol nacional, sobretudo da cadência do estilo carioca. No período, às equipes fluminenses restou o papel de coadjuvante nos campeonatos nacionais, enquanto Felipe Scolari, com pecha de retranqueiro, subia ao panteão das celebridades.

A Espanha, como tem jogado nos últimos anos, é o Brasil que Parreira ajudou a enterrar. Vencer a campeã mundial seria a pá de cal sobre seus detratores. No Maracanã, então, lhe seria dulcíssimo.

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