Os números oficiais sobre o transporte público em São Paulo
são tão redondos que carecem de investigação. Mas são os disponíveis para avaliação
rápida e leiga:
A prefeitura paulistana calcula em R$ 32 mil/mês o custo da
operação de um ônibus em São Paulo. Isto significa, com passagem a R$ 3,00, 10.667
passageiros por ônibus/ mês.

Levando em consideração a inflação desde o início do plano
real, em 1994, quando o paulistano pagava R$ 0,50 pela passagem, o IPCA subiu
332% até 2013, enquanto a passagem foi majorada em 540%. Sem levar em
consideração o aumento de passageiros, para não mudar nada, a passagem indexada à inflação deveria
custar R$ 2,16 ao consumidor.
Os protestos nas ruas, como temos ouvido, vão além do reajuste. Questionam a perversidade
da proporção do sistema de cobrança e a moralidade da administração pública. Além do lucro, cabe ao
usuário pagar a maior parte dos custos, como afirmou o prefeito Fernando Haddad?
A revogação do aumento em São Paulo exigiria mais R$ 250milhões
em subsídios, totalizando R$ 1,5 bilhão. A isonomia no rateio das despesas, como
em outros países, talvez pudesse ser coberta pela redução da margem de lucro.
Talvez, pois esta margem é segredo.
Responsabilidade Social
Lucro não é crime, porque não abrir a planilha e analisar a
possibilidade da elite empresarial do país participar do desenvolvimento da
nação ao menos auxiliando no combate à inflação?
Relembremos declaração do prefeito paulistano, afirmando
que no exterior o custo da passagem é dividido em 33% para a empresa, 33% para
o poder público e 33% para o usuário. Segundo ele, em São Paulo, a empresa
banca 10% , o poder público, 20% e o usuário 70%.
Quer dizer que a empresa subsidia o sistema com R$0,30, a
prefeitura e o estado, com R$0,60 e o usuário com R$ 2,10, margem de lucro não
revelada incluída.
Seguindo o raciocínio, pelo modelo estrangeiro caberia ao
usuário pagar R$1,00 pela passagem no preço cheio. Como o custo real é menor, e
supondo uma generosa margem mínima de 20% de lucro bancado exclusivamente pelo
usuário, tendo por base o preço atual, se a passagem de ônibus em São Paulo
custasse R$ 1,60 já seria muito, sem precisar tirar dinheiro de lugar nenhum
nem aumentar as desonerações, apenas aprimorar o conceito de responsabilidade social, estendendo-o ao setor privado.
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