A seleção brasileira gastou tanto futebol contra a Espanha
que talvez não sobrasse nada se tivesse que enfrentar o Taiti hoje. Não se via
o Brasil tão superior, que me lembro, desde a final da mesma Copa das Confederações
de 2005, na Alemanha, quando goleou a Argentina por 4 X 1.
Tudo funcionou redondo como não havia acontecido em nenhuma
partida anterior do torneio. O trabalho
defensivo de Hulk anulou a triangulação pela esquerda, liberou Marcelo. Na única vez que tiveram sucesso na escapada
mortal, David Luiz salvou a pátria emocionada nas cadeiras. Como conseguiu,
deslizando sentado com a perna esticada no mesmo sentido da bola, desviá-la
para a direção contrária já na linha do gol, é um mistério.
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David Luiz, o misterioso |
Oscar, que vinha atuando aquém de suas possibilidades, fez a
melhor partida desde a estreia contra o Japão. O questionado Luiz Gustavo
sobrou em campo no trabalho de marcação, literalmente, no esquema montado por
Felipão.
O sistema de pressing, com marcação colada homem a homem
desde a área do adversário, desnorteou a Espanha a ponto de fazer crer a muitos
que o grupo de Del Bosque entregou o resultado.
O Brasil já havia tentado isso antes, mas sem a compactação
necessária entre os setores para evitar espaços. A evolução da seleção neste
aspecto foi surpreendente. Mais ainda, teve fôlego suficiente para manter o
esquema durante toda a partida, o maior desafio para quem se propõe a atuar assim.
Como gosta de dizer sempre o coordenador de seleções
Parreira, a partir da marcação, com a
bola nos pés, o talento brasileiro se sobressai. A habilidade individual, no
entanto, não basta para explicar a goleada. Neymar começou a se entender melhor
com Fred, e os dois juntos abriram espaços para Oscar e Hulk. Era o que
faltava.
Faltava, para azar dos atuais detentores do título mundial.
Restou aos espanhóis reclamar das faltas táticas no meio de
campo – com razão, é feio mesmo! – e reconhecer a inferioridade na partida.

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