Onde Deus nasceu não é sabido, mas cresceu e se formou no
Oriente Médio. Arquitetou lá o paraíso, assegurando à sua direita ou cercando
de virgens e potes de mel aqueles que se sacrifiquem por seus princípios.
Contra os fundadores da vida eterna e do paraíso a Comissão
de Relações Exteriores do Senado dos EUA aprovou uma guerra de 60 dias,
extensível a mais 30, se necessário.

A postura é emblemática. Caso a invasão ocidental se
concretize, está desenhado mais uma vez o quadro da derrota.
Centrados em seus
objetivos diretos, fronteiras e riquezas minerais, desconsiderando a cultura
local, os EUA estão fadados a outra visita ao inferno, como acontece desde a
guerra do Vietnã. Ao subestimarem a capacidade de movimentação dos pequenos
soldados inimigos na floresta, recorreram ao napalm, categoria de arma que
justifica o ataque a Bashar al-Assad.

Na Somália, em 1993, a tropa de elite norte-americana foi
emboscada numa operação de pretexto humanitário. Passaram da centena os mortos.
O desastre no Iraque gera agora a incompreensível e
demagógica invasão sem tropas.
Quem é da geração de jogos de tabuleiro e já brincou com o
War sabe da impossibilidade de conquistar territórios só com aviões. Sem contar
que, drone por drone, 11 de setembro é o mais doloroso de todos os conflitos
desde a secessão.
Obama está encurralado por sua linha vermelha, o refugo da
Grã-Bretanha e o vazamento do esquema de espionagem no âmbito internacional. No
limite, causaria mesmo uma guerra mundial.
Mas ele está voltado para a pressão dos conservadores e
reacionários do ambiente interno e à frustração causada aos 99% da Occupy Wall
Street, militantes da paz, pois pode decepcioná-los ainda mais.
A Síria deve dominar o encontro dos G-20 na Rússia. A pauta
seriam formas de impedir que a desregulamentação excessiva do mercado
financeiro continuasse a provocar tragédias na economia de todo o planeta.
O 1% de privilegiados sai da berlinda, e tem oportunidades
de ganhos enormes que uma crise deste tamanho é capaz de trazer com a volatilidade dos índices.
Isso tornaria
Obama o diabo também para a maioria dos ianques.
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