As decisões do presidente do STF em torno do mensalão beiram
a crueldade. Não bastasse a aplicação polêmica do domínio do fato e a
decretação da prisão dos líderes do PT no dia da Proclamação da República, a
transferência dos condenados ao regime semiaberto para Brasília.
A falta de atenção especial ao doente Genoíno chega a agredir
os fundamentos dos direitos humanos.
Por que o juiz age como se extravasasse ódio? O que o
partido que o indicou fez para que reagisse desta forma?
Se não há motivo para vingança, há algo estranho e ainda
desconhecido na personalidade do ministro. A grosseria e a brutalidade com que tratou antes jornalistas e seus próprios
colegas sugeriam uma espécie de vaidade e prepotência despertados pela
repercussão do caso.
Se tampouco é vaidade ou desequilíbrio emocional inadequado
à responsabilidade exercida, resta a possibilidade de um comportamento
friamente planejado com algum propósito não revelado.
Não são poucos os que se regozijam com a arbitrariedade da
corte. Boa parte da multidão se expressa com alma lavada. Elevam Barbosa ao
patamar de justiceiro messiânico, o que nem os mais ferrenhos inimigos de José
Dirceu e cia fazem.
A forma determinada pelo Supremo Tribunal Federal indignou a
OAB, mas catalisou a violência e a intolerância abundantes no inconsciente
coletivo.
Caso as especulações de sua renúncia para a candidatura nas
próximas eleições se confirmem, Joaquim Barbosa entrará para a história como o
homem que tentou retardar a evolução da democracia brasileira por meio de casuísmos.
Não seria exagero, portanto,
considerar apenas sua participação na disputa eleitoral como golpe na
esperança de moralização na política nacional.
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