Malandragem



Valcke, funcionário do Brasil na candidatura à Copa
Jérôme Valcke, o secretário-geral da Fifa, desferiu enfim o tal ”chute na bunda” do Brasil em declarações que chegam um dia depois da suprema corte garantir a ela os benefícios acordados na Lei Geral da Copa.  Seguro de que não pagará um centavo em impostos, nem custas de processos judiciais, foi ao ataque acusando seus parceiros no contrato de pai para filho de não cuidarem da infraestrutura necessária para o conforto dos turistas.
Insinuou-se enganado como representante da Fifa no projeto de jogos disputados em revezamento por 12 sedes. O executivo ignora o país e o conhecimento que se tem da entidade acusada de condutas antiéticas e ilegais mundo afora.
Valcke parte de premissa verdadeira:  o incremento da mobilidade e de sustentação do público para o evento, como transporte, hospedagem, telecomunicações e segurança, o tal legado, não ocorreu como se esperava. A disputa mesquinha entre as esferas municipal, estadual e federal, no entanto, é histórica. O risco de que as obras não fossem realizadas era grande, e todos sabiam. A Fifa não levou este risco em consideração por incompetência ou descaso proposital, pois fez um grande negócio não só aqui, como também na Rússia e no Qatar, tão polêmicos quanto o atual. Conseguiu tudo o que quis, deu o que os países queriam. Já enfrenta problemas com a Copa de 2022, com jogos a serem disputados sob temperatura na casa dos 50 graus centígrados.

O francês trata agora de isentar a organização de eventuais mazelas ou distúrbios perante a opinião pública mundial. Defendendo seu lado – é mesmo assim que funciona – despreza mais uma vez o país-sede com declarações que açulam os conflitos internos em torno da Copa. A declaração malandra, endereçada aos torcedores, traz um erro estratégico, pois colabora para que confrontos empanem os jogos na mídia global, o que macularia também a Fifa.
Agora não se pode desculpá-lo por ignorância, pois lida diretamente com o país no mínimo desde 2007, quando trabalhou como consultor do Brasil na candidatura a sede do evento.

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