Mundo novo na Copa do novo mundo


A Copa das copas ao fim da primeira fase deixa um legado substancial dentro e fora de campo a todo o planeta.  Os empolgantes jogos de alto nível técnico e muitos gols, 136 em 48 partidas, consolidaram o amadurecimento do esporte em recantos da África, Caribe e Oceania.  É uma tese pronta sobre o efeito do movimento migratório de técnicos e jogadores na cultura local do futebol.
Spray: fim da malandragem na barreira

A inovação do chip na bola quebrou definitivamente o tabu de que é possível usar novas tecnologias sem afetar a essência da modalidade. A arbitragem foi judiada com o incremento de câmeras de alta definição a denunciarem suas falhas, mas ajudada no prosaico spray de espuma introduzido no futebol paulista para disciplinar as cobranças de falta.

Não se viu uma grande invenção tática. Porém, a alteração do esquema durante as partidas é a nova ordem entre os treinadores. Quebrou-se nesta Copa o conceito da importância do domínio da posse de bola. O futebol está mais eletrizante.
 

Tapetão

 
Além das quatro linhas, a Copa 2014 entra para a história antes da final.

Padrão Fifa na berlinda
O modelo de organização proposto pela Fifa foi desclassificado na primeira fase. As manifestações populares exigem  mais concessões nos termos do contrato com o país a sediar o torneio.  A insatisfação dos brasileiros pôs luz ainda no obscuro e suspeito processo de escolha das sedes. A entidade estuda alterações e dirigentes de todos os continentes estão pressionados.

A punição rigorosa ao uruguaio Luis Suárez deve tornar-se referência e encorajar atitudes efetivas contra a violência nos campos e nas arquibancadas. Se não tirar o fair-play do campo do idealismo entrará para a história como casuísmo.

Esta Copa fica marcada também como a marretada que faltava para cravar de vez o futebol na América do Norte, especialmente nos Estados Unidos.
 

Brasil - Estados Unidos

 
O efeito aqui é imediato. Futebol é o dólar do povo. Os americanos são o maior contingente estrangeiro nos estádios, compraram pouco mais de 198 mil ingressos para os jogos, segundo a Fifa. Divertem-se, gastam nas ruas e estão descobrindo o Brasil. Abre-se uma enorme perspectiva de que nos tornemos a Miami deles.

Dollar Fest
Lá, o ajuntamento de torcedores em várias cidades indica que o país começa a produzir seu próprio ópio popular. Estão gostando do negócio. E os americanos, quando se metem nos negócios, não brincam. A audiência do futebol nas tevês, já em curva ascendente, ganhou impulso nas 5 redes que transmitem o campeonato nacional. Consequentemente,  valoriza os direitos de transmissão, fonte principal do financiamento dos clubes. A Major League, com 19 clubes americanos e canadenses, é uma empresa com sucesso em seu objetivo imediato de bater no curto prazo telespectadores e público nos estádios os números alcançados pelo hóquei, basquete e basebol. Mira no longo prazo disputar torcedores com o futebol americano.
 

Encruzilhada




O modelo americano de gestão vai ecoar no Brasil entre cartolas, comissão técnica e atletas. Os Estados unidos tendem a mudar a condição de destino de jogadores em fim de carreira, disputando com a Europa as estrelas emergentes.

O futebol brasileiro está sendo encurralado. Ou será definitivamente fornecedor de matéria prima ou concorrente na disputa de títulos internacionais e no mercado internacional de transmissão de campeonatos. O placar é desfavorável e pede alterações.

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