O abraço tardio à seleção tem um quê do movimento das Diretas Já. O povo andava pelas ruas vestindo amarelo, a cor oficial do grito nacional, mas ignorado pelos opositores e temerosos por agitações nas ruas em favor da democracia.
Quando as concentrações tomaram o país pouco antes da votação de 25 de abril de 1984, não se falou de outra coisa.
Como neste instante, nadava eu contra a corrente, mesmo participando das passeatas e comícios. Desconfiava que a euforia empanava alguma armadilha por trás do desejo sincero de eleições diretas.
A história acabou confirmando a articulação por escolha indireta do presidente. Não gostei, aceitei com o tempo, foi o possível.
Tal sensação tenho hoje com a seleção brasileira.
Euforia e camaradagem
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Manifestante das Diretas Já |
Particularmente, não acreditava que a dupla Parreira-Felipão pudesse tanto em pouco tempo. Foram magníficos.
Mas a seleção será capaz de repetir a performance por sete jogos seguidos ou, ao menos, a partir da segunda fase? Tomara que sim. Porém, um feito extraordinário.
A camaradagem no
trato à seleção escamoteia falhas e o estado real do time. Lembremos de
que, até a final contra a Espanha no ano passado, Hulk era contestado. Hoje é titular
absoluto. Não compro esta ideia. O
argumento principal, a disciplina tática na ajuda da marcação, de tão fraco,
soa injusto. Todos têm papel tático definido e, na maior parte das vezes, o
cumprem com rigor.
Intocável Hulk
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Hulk, o forte do frágil |
O atacante do russo Zenit é potente no chute e na arrancada, pode determinar um placar.
Tem 10 gols em 40 jogos pela seleção, além de seis assistências.
O preço a pagar é sua previsibilidade e o engessamento do ataque. Confina Neymar à esquerda e Fred como pivô.
O atacante do Fluminense é hábil e desprendido o suficiente para revezar posição com o camisa 10 e distribuir a bola. A probabilidade de furar as famigeradas duas linhas de quatro da defesa alternando lado e a referência entre zagueiros é maior que o rompante pela direita.
Discute-se a preferência por Oscar ou Willian. Por mais
movimentação dos atacantes, os dois no lugar de Hulk, uma ótima alternativa de
acordo com o adversário e o andamento da partida.
Meio, meia e volantes
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David Luiz posaria também de volante? Foto: Rafael Ribeiro/CBF |
Para cada formação, um meio-campo adequado.
O setor, na verdade, será o grande responsável pelo êxito ou malogro na Copa. Mais especificamente, os volantes.
As laterais do Brasil são o ponto fraco. Os volantes precisarão de muito fôlego para cobri-los e segurar a sobra, além de cuidar do próprio setor, onde atuam os melhores homens da maioria das seleções.
Embora a zaga seja individualmente talentosa, em conjunto bate cabeça nos cruzamentos, mesmo nas bolas paradas.
De Fernandinho a Ramires, há variações consistentes o
bastante, e o plus de David Luiz como volante, posição que conhece bem jogando pelo Chelsea, dando lugar a Dante ou Henrique
atrás. O setor, na verdade, será o grande responsável pelo êxito ou malogro na Copa. Mais especificamente, os volantes.
As laterais do Brasil são o ponto fraco. Os volantes precisarão de muito fôlego para cobri-los e segurar a sobra, além de cuidar do próprio setor, onde atuam os melhores homens da maioria das seleções.
Embora a zaga seja individualmente talentosa, em conjunto bate cabeça nos cruzamentos, mesmo nas bolas paradas.
Muito pode este grupo, menos esticar o tempo de
treinamento. Se Neymar não brilhar, o Brasil terá um time como a França ou a
Itália, com a desvantagem de não ter disputado eliminatórias.
Dos favoritos, somos o mais frágil. É mais honesto dizer agora em vez de desfilar de profeta do passado.
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