Scott Volkers, técnico de natação do Minas Tênis
Clube, é proibido de trabalhar com crianças e adolescentes no país de origem
por acusação de abuso sexual de meninas. Nascido na Austrália, o ex-treinador da equipe olímpica de natação encabeça a
comissão da modalidade no clube de Belo Horizonte com equipes de natação a
partir dos oito anos de idade.
Vive no Brasil desde novembro de 2011, depois
de ver negada pela terceira vez a tentativa de obter a permissão exigida pelo
governo australiano para treinar menores.
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Scott Volkers; suspeita de impunidade Foto oficial: Minas Tênis |
Volkers foi preso em 2002 acusado de 9 crimes de agressão, abuso e assédio por três nadadoras entre 13 e 16 anos, no período de 1985 a 1990. A grande repercussão e a comoção no país motivaram nova denúncia por uma quarta ex-aluna em 2005.
O acusado admitiu ter dito a uma das denunciantes que
gostaria de reencarnar como a boia de flutuação que ela usava entre as pernas,
e ter acariciado as coxas de outra nadadora dentro de seu carro, mas sempre negou
qualquer intenção sexual com alunas.
As ex-nadadoras, hoje adultas, afirmaram entre outras
acusações que ele lhes havia massageado a vagina com as mãos e um aparelho
vibrador, lambido as orelhas e acariciado os seios.
Prisão revogada
O treinador foi solto e os processos arquivados. A justiça
acatou a alegação dos advogados de defesa, falta de consistência de provas ou
prescrição legal de denúncias feitas após 12 meses da suposta ocorrência.
O caso Volkers é avaliado este mês de julho por um gabinete
governamental (The Royal Commission into Institutional Responses to Child
Sexual Abuse) a fim de propor alterações nas leis vigentes e criar novos
mecanismos para impedir manobras jurídicas e punir com maior rigor os crimes de
abuso sexual contra crianças e adolescentes.
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Killie Rogers, Simone Boyce, Julie Gilbert, acusadoras de Volker Foto: James Alcock |
Os processos não serão reabertos pelo órgão. Apesar de livre
da condenação há mais de 10 anos, a Comissão para Crianças, Jovens e Guarda
Infantil do governo estadual de Queensland, estado onde trabalhava o técnico,
nega desde 2003 os pedidos de liberação oficial para o trabalho com jovens e
crianças, chamado de blue card. Para a Comissão, ainda que os processos tenham
sido arquivados, não há um veredito sobre sua culpa ou inocência.
"Risco inaceitável para as crianças"
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Volkers, de boné branco, com parte da equipe Foto oficial Minas Tênis |
Em recurso contra a decisão em 2010, o Tribunal civil e Administrativo de Queensland manteve a proibição. Definindo o comportamento do treinador como “inadequado para com mulheres jovens sob sua responsabilidade”, concluiu que Volkers “representa um risco inaceitável para as crianças”.
Naquele período, ele trabalhava na Academia de Esportes de
Queensland, na capital Brisbane. Mantida com recursos públicos na formação de
atletas de elite, é um dos principais berços de atletas olímpicos do país.
Ocupando oficialmente
um cargo administrativo, distante das piscinas, atuava veladamente como
treinador de novos talentos. Denunciado após uma viagem junto com a equipe para
competições na China, foi alertado pelo mesmo Tribunal de que poderia ser
processado e preso. Foi então que decidiu deixar a Austrália.
Não teve dificuldade para se empregar com o currículo
apresentado ao Minas Tênis Clube: treinador da equipe australiana de natação nas
olimpíadas de Barcelona ( 1992), Atlanta ( 1996) e Sydney ( 2000), conquistando
mais de cinco medalhas através de pupilas famosas como Samantha Riley e Susan O’Neill.
Tem a missão de lapidar novos nomes e cuidar de nadadores
com chances de medalha na Rio 2016.
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