A seleção brasileira tem elementos para fazer amanhã a
melhor apresentação da Copa. Pode não ser o suficiente para derrotar a
Alemanha, mas terá o conjunto mais equilibrado e produtivo na criação de oportunidades
de gol. Desde que Felipão não configure o grupo na retranca.
A perda do improviso e do talento de Neymar deverá ser
compensada com os jogadores atuando onde e como podem render mais no meio-campo
e no ataque. Será melhor porque o
benefício da Neymardependência foi pequeno, difícil desempenho pior. A
responsabilidade que pesava sobre um agora está distribuída, exigindo mais
iniciativa. É do que o Brasil precisa para tentar bater um time poderoso, versátil,
forte e persistente.

Ouvi de quem jogou ao lado de Pelé sobre a
dificuldade. A camaradagem e a simplicidade na relação com praticamente todos
os colegas, marcantes mesmo após a entronização, não serviam de nada quando as
arquibancadas eram ocupadas. O problema não era Pelé, mas sua imagem.
A opinião pública era
implacável se um passe ou lançamento não seguisse com perfeição até o camisa 10
da seleção e do Santos. Se seguisse e Pelé não alcançasse, o passador seria culpado
da mesma forma.
A pressão ocorria também no sentido inverso. Um passe de
Pelé mal dominado não seria publicamente jamais um passe ruim, e sim, má
recepção.
Quando ainda no Brasil, Neymar, aos olhos da maioria, não tinha
quem estivesse à sua altura a acompanhá-lo. Este foi um dos argumentos disseminados
para justificar a queda de rendimento do Santos e a transferência para a
Europa.
Poucos se atreveram a dizer que, a bem da verdade, ele já
estava conhecido e os adversários tinham descoberto uma forma de segurá-lo.
Reduziram-lhe o espaço no gramado, se atentaram na intercepção dos passes
direcionados a ele e, na posse da bola, o paravam com faltas. Neymar deixou o país sem resolver esta
equação. No Barcelona, não teve tempo. Período de adaptação, banco, obrigação tática,
contusão, Copa do Mundo.
Viu-se no torneio a repetição do que acontecia no país pouco
antes de sua mudança. Contra times menores, despreocupados com ele, se
destacou. Diante dos outros, não. Com liberdade
ampla, o vimos trombar com Fred para disputar bola na entrada da área, embolar
com Hulk, cortar espaços de Oscar sem, para azar da seleção, traduzi-la em
domínio da partida, gols e superioridade sobre os oponentes no volume
necessário.
Nas participações decepcionantes de alguns na seleção
brasileira, reparando bem, há uma dose de estresse Neymar. Não por causa
exclusiva do que fez em campo, mas pela superexposição e superestimação do
jogador e falta de treinamento de toda a equipe.
O time dá motivo de acreditar que estará menos travado e
mais surpreendente contra a Alemanha, apesar do peso da ausência de Neymar.
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