Efeito Marina


A aparição de Marina Silva no cenário de possibilidades reais de exercício do poder coloca a população, enfim, no clima eleitoral.  Os 21% de preferência mostrados pelo Datafolha se deu na captação de indiferentes ou insatisfeitos com a política. As intenções de voto nulo, em branco e indecisos somados caíram de 27% para 17%.
A comoção e a exposição, tanto do falecido Eduardo Campos quanto de Marina, motivaram o eleitor a buscar uma posição na disputa.  A diluição do fator emocional com o passar dos dias pode alterar a escolha, especialmente dos candidatos de oposição, mas a tendência é de que se engajem nos debates, que provavelmente ganham força nas mesas de jantar das famílias e nas conversas de rua.

Fio da meada


As propostas concretas na candidatura que se apresenta irreversível à coligação liderada pelo PSB (a confirmação do substituto de Eduardo Campos só será oficializada na próxima quarta-feira), com as devidas críticas dos oponentes, determinarão a evolução da tendência apontada na pesquisa. Esse papel obrigatoriamente deverá ser de Aécio Neves, cuja base de preferência nos votos é a mais atingida.
Marina tem força entre os mais ricos, mais escolarizados e no sudeste. Dilma é ameaçada no nordeste, mas conta com melhor avaliação do governo e não viu alteração nos índices de rejeição, nem perdeu votos para o novo nome.  A chance de se reeleger no primeiro turno foi praticamente anulada, mas ela tem a máquina governamental a seu lado e, o mais importante, quase o dobro de tempo dos adversários no horário eleitoral.
 

Amarração

 

As três candidaturas, no entanto, podem se enfraquecer nos palanques. O acirramento deve afastar os candidatos a governador do comprometimento ostensivo da disputa à presidência no primeiro turno, tanto na busca de votos quanto na perspectiva de evitar desgaste com o eleito, em nome da distribuição de recursos federais.


Este é o maior nó a ser desatado por Marina. Com o menor tempo entre os três no horário eleitoral, dois minutos e três segundos, precisará de militantes convictos sobretudo nas cidades pequenas. Se tem o trunfo da penetração de seitas evangélicas, tem também sua aceitação mal resolvida com o PSB. De qualquer forma, recursos para articular a mobilização podem surgir agora, com a chance real de vencer o pleito caso chegue ao segundo turno, superando Dilma por 47% a 43%.
O dinheiro, no entanto, não garante uma bancada numerosa esólida no Congresso, o que jogaria por terra o princípio de “nova política” que seduz os potenciais eleitores.

Postar um comentário

0 Comentários