Plano Real é uma coisa, Plano Neoliberal, outra. Trata-se de uma das colocações óbvias que, de tão óbvias, precisam ser repetidas, pois normalmente são vistos como uma coisa só.
O primeiro levou Fernando Henrique a dois mandatos
presidenciais graças à estabilidade da economia, goste-se ou não.
O segundo, à queda vertiginosa de sua popularidade e ao
descontentamento geral, dos trabalhadores aos industriais. Deste, ninguém gostou, incluindo os
banqueiros, por causa de medidas que freavam a alavancagem na ciranda financeira.
Cavalo de pau
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Dilma: vislumbrando o passado |
No cavalo de pau dado
pelo governo federal na política econômica era de se esperar ao menos correções,
ou atualizações.
As primeiras medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda Joaquim
Levy, no entanto, indicam a retomada pura e simples do modelo, considerado
exaurido por economistas mesmo dos países que dele mais se beneficiaram no
primeiro momento.
Não é de birra o ceticismo das agências de ratings e instituições
como o Banco Mundial (Bird)quanto ao crescimento do Brasil no futuro próximo.
Laissez-faire
Se o chamado ajuste gera contração imediata prevista, a
retomada mais adiante exige um plano que, se existe, não foi apresentado.
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FHC: ainda queimado |
Se o incremento do poder aquisitivo da população, o
represamento de tarifas públicas, a taxação de importados, a redução de
alíquotas nos impostos e o crédito farto dos bancos públicos não foram
suficientes para um crescimento sustentável, não é tudo isso no sentido
contrário que traz melhores perspectivas.
Nos anos FHC, nas ondas do mercado, o espírito animal do setor produtivo já se revelara o de uma mula empacada.
Filme antigo
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Sarney, onde o círculo se fecha |
A classe média volta a sofrer sem dó, de largada com a
possibilidade das pequenas empresas terem em torno de 25% de aumento de IR. A
maior parte destas empresas é de profissionais forçados a constituir pessoa
jurídica para otimizar a elisão fiscal – sonegação legal de impostos - das grandes corporações.
O quadro que vai se formando baseado nas últimas notícias é
conhecido de longa data.
O grosso da população, encurralada entre o dragão da inflação e o leão do IR. Quem pode, sonega. Ganha quem tem poder de pressão. Juízes e parlamentares federais trabalham por salários acima dos R$ 34 mil, reajuste em torno dos 26%.
O grosso da população, encurralada entre o dragão da inflação e o leão do IR. Quem pode, sonega. Ganha quem tem poder de pressão. Juízes e parlamentares federais trabalham por salários acima dos R$ 34 mil, reajuste em torno dos 26%.
Trinta anos atrás, com José Sarney na Presidência, à conjuntura semelhante deu-se o nome Nova República. A reciclagem tem de
original apenas o PMDB com as cartas na mão.
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