Novíssima República

 Plano Real é uma coisa, Plano Neoliberal, outra. Trata-se de uma das colocações óbvias que, de tão óbvias, precisam ser repetidas, pois normalmente são vistos como uma coisa só.

  O primeiro levou Fernando Henrique a dois mandatos presidenciais graças à estabilidade da economia, goste-se ou não.

O segundo, à queda vertiginosa de sua popularidade e ao descontentamento geral, dos trabalhadores aos industriais.  Deste, ninguém gostou, incluindo os banqueiros, por causa de medidas que freavam a alavancagem na ciranda financeira.


Cavalo de pau

Dilma: vislumbrando o passado
 No cavalo de pau dado pelo governo federal na política econômica era de se esperar ao menos correções, ou atualizações.

 As primeiras medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, no entanto, indicam a retomada pura e simples do modelo, considerado exaurido por economistas mesmo dos países que dele mais se beneficiaram no primeiro momento.

 Não é de birra o ceticismo das agências de ratings e instituições como o Banco Mundial (Bird)quanto ao crescimento do Brasil no futuro próximo.


Laissez-faire


Se o chamado ajuste gera contração imediata prevista, a retomada mais adiante exige um plano que, se existe, não foi apresentado.  

FHC: ainda queimado 
O país não sai da condição de dependência exclusiva da exportação de commodities. A recuperação das economias europeia – ainda capengando -  e americana – com soluços esperançosos – é que definirá a taxa de crescimento do Brasil.

Se o incremento do poder aquisitivo da população, o represamento de tarifas públicas, a taxação de importados, a redução de alíquotas nos impostos e o crédito farto dos bancos públicos não foram suficientes para um crescimento sustentável, não é tudo isso no sentido contrário que traz melhores perspectivas. 

Nos anos FHC, nas ondas do mercado, o espírito animal do setor produtivo já se revelara  o de uma mula empacada. 

Filme antigo


Sarney, onde o círculo se fecha
Não bastasse o “revival” amargo, a nova versão se desenha mais maquiavélica.
 A classe média volta a sofrer sem dó, de largada com a possibilidade das pequenas empresas terem em torno de 25% de aumento de IR. A maior parte destas empresas é de profissionais forçados a constituir pessoa jurídica para otimizar a elisão fiscal – sonegação legal de impostos -  das grandes corporações.

O quadro que vai se formando baseado nas últimas notícias é conhecido de longa data.
O grosso da população, encurralada entre o dragão da inflação e o leão do IR. Quem pode, sonega. Ganha quem tem poder de pressão. Juízes e parlamentares federais trabalham por salários acima dos R$ 34 mil, reajuste em torno dos 26%.

Trinta anos atrás, com José Sarney na Presidência, à conjuntura semelhante deu-se o nome Nova República.  A reciclagem tem de original apenas o PMDB com as cartas na mão.  


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