STF e povo



Impeachment 

O Supremo Tribunal Federal, enfim, foi provocado a avaliar o golpe. 
Até então, avalizou a legalidade da condução técnica do processo. Depois, reprovou o comportamento e as manobras do presidente da Câmara. Agora devem ir a plenário objetivamente a controversa responsabilidade fiscal como justificativa para o impeachment levado ao cabo por perda de maioria parlamentar e, subjetivamente, a barganha pela tramitação acelerada e sua aprovação.
A legitimidade política da deposição deve ser julgada, o mínimo que se espera de toda esta judicialização.

Em questão, o mecanismo de impeachment como mercadoria no balcão do Congresso, a implantação ou não da instabilidade no exercício do poder característico do regime presidencial e a independência dos poderes. Ou seja, a decretação da mudança de regime para uma jabuticaba nova, o “parlamentarismo de ocasião”.

Anulando a sessão de votação não significa que o processo não possa ser novamente votado ou outro pedido de afastamento, apresentado.  Mas sem manipulações e atropelos.
Se o presidente do Senado Renan Calheiros não se intrometer, o cenário em que se daria o julgamento está clareado. A articulação do vice Michel Temer na formação do governo que estaria a ocupar está longe de indicar inibição do fisiologismo. 
O plano de governo indica uma guinada liberal na economia mais radical que o governo FHC sem o crivo da população. Há insegurança quanto ao esquema de investigação das denúncias de corrupção; os suspeitos, réus e partidos envolvidos seguiriam no poder.  

Instado a se manifestar sobre o modus operandi da classe política, os juízes não podem ignorar os anseios do povo, que se sente traído quanto a de faxina moral e rejeita  Temer como Presidente.