A olimpíada de Anitta



 Prepara, abertura de olimpíada com Anitta é para os fortes. 
Não conheço mais que as ações invasivas que o sistema que a sustenta me empurra – e assumo isso como defeito, não qualidade. 

Ela não me dá nem vontade de comer, mas fechar os olhos para a fantasia que desperta a gentes Brasil afora de toda idade é mais uma daquelas idiossincrasias típicas da tribo ‘pensante’, que a ignora por jurisprudência de um cult bacana.  Deveríamos ter aprendido com Os Mamonas Assassinas, ou a morte do... fugiu-me o nome do sertanejo jovem morto recentemente em acidente. 

A cara botocada do Rio botocudo
Anitta é e será culturalmente pobre, pois é o que torna sua máquina e ela mesma podre de rica. E o Rio de Janeiro continua sendo a moenda a nos fornecer o caldo muito doce da cana.  Ela é a safra da vez do campo que já deu Noel, Jobim, Nara e cia como circo. Hoje, fornece como biscoito fino.

Daiane dos Santos abriu as portas com Waldir Azevedo. Agora é a vez de Daniele Hypólito. O povaréu cresceu e apareceu, tem todo o direito de se fazer representar. 

Funk e passinho são a cara botocada do Rio jovem botocudo.
 A favela entrou para o mainstream, é objeto de negociata. Do jeito muito nosso, é sinal de respeito. Por coerência, a pira deveria ser acesa com uma nota de cem dólares empunhada por João Havelange, o Wesley Safadão do esporte nacional.

 Anitta é o último lançamento da nossa Apple. Em pouco tempo virá outra. Se o plano de usar a olimpíada para lançar carreira internacional funcionar e resistir ao tempo, vira Madonna; aí não precisa ter vergonha nem se culpar. 

A participação da menina na cerimônia de abertura não me aflige. Nada do que possa acontecer será pior, mais brega e pobre que a abertura dos Jogos de Atlanta, em 1996.

Olhando bem, dos artistas citados para a abertura, apenas Gil se encaixa no propósito. Ele não dá shows, dá espetáculos costurados com as culturas popular e erudita, com samba e eletrônica, arte e tecnologia; dança e flutua por qualquer coisa que emita notas e as harmoniza. Quer mais Brasil e Rio de janeiro que isso?

 Fantasia

Hipnotizar milhares de pessoas diretamente nas arquibancadas e bilhões via TV, não vejo entre os vivos quem faria melhor que Egberto Gismonti e Wagner Tiso regendo em conjunto Monobloco, Canarinhos de Petrópolis e Orquestra Sinfônica Brasileira, criando um climão para a performance apoteótica de Ney Matogrosso, o melhor showx do Brasil.

Só não defendo Lars Grael vestido de Saci Pererê acendendo a pira com um cachimbo para não parecer sarcástico ou incorreto. Mas que seria marca inesquecível de superação, espírito esportivo e bom humor carioca, seria.