O desafio tucano



 
Anastasia, relator da Comissão do Impeachment
O PSDB deu show em estratégia política da derrota na eleição de 2014 até a votação do impeachment.

 No propósito de fazer o governo sangrar, a colheita foi provavelmente bem mais rica que o planejado ao interromper o mandato de Dilma Rousseff e destroçar o PT. 

Cunha, encarregado do jogo sujo
 Recebeu ajuda inesperada na disposição do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de direcionar seu exército parlamentar contra o Planalto a fim de abafar a Lava-Jato. 

De pautas-bombas a derrotas sucessivas impostas ao governo em votações, o governo federal foi paralisado sem que os tucanos sequer precisassem publicamente sujar as mãos.

 Mídia

  O apoio da grande mídia turbinou a bem articulada movimentação nos momentos cruciais do confronto político, em que se destacou Cássio Cunha Lima. 

 O senador paraibano esteve todo o tempo no lugar certo, com as palavras certas e sem um contraditório à altura. Durante o embate no Senado, os tucanos estiveram sempre um passo adiante dos governistas.   
Cunha Lima, destaque tucano no impeachment
 Para ouvir a defesa do Governo, o cidadão interessado teve que dispor de tempo para sentar-se diante das enfadonhas sessões transmitidas pela TV Senado. 

 Os petistas reclamaram com razão dos meios de comunicação, mas, embora marcante, não foi a causa única de seu esquartejamento.  Às derrotas políticas na Câmara, somou-se o soco no queixo da votação do encaminhamento do processo de impeachment. 
Atônita, dolorida e encurralada pela Lava-Jato, que emparedou as principais lideranças do PT, a bancada se perdeu. 

Randolfe,crítico, leal
 Foram superiores na defesa de Dilma, nas duas Casas, peemedebistas e psolistas, aguerridos no combate a Cunha e na permanência de Dilma, ainda que a ela não evitassem críticas. 

Os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), Randolfe Rodrigues (REDE-AP) e Kátia Abreu(PMDB-TO) produziram mais efeito político que Lindbergh Farias(PT-RJ) e Gleise Hoffmann (PT-PR) na busca de votos contra a cassação.


Governo

 O tucanato tem agora tarefa tão árdua quanto viabilizar o golpe. 
 Governará com sala da Presidência ocupada por um personagem ilegítimo líder de um partido fisiológico e patrimonialista, ou seja, a antítese da linha neoliberal que afirma implantar. Terá ainda que lidar com as traições. No primeiro teste, foi vencido na votação que manteve os direitos políticos de Dilma. 

 De quem não titubeou em apear do poder a companheira de chapa, tem o compromisso de que não disputará a eleição de 2018. As medidas duras que o PSDB propõe em reformas política, trabalhista e previdenciária dependem do real desprendimento de Temer.

 Antes da primeira investida como Presidente, a viagem para a reunião do G-20 na China logo após a posse, Temer precisou intervir em disputas de espaço entre PMDB e PSDB. 

PT

 A ex-presidente, sobre quem não pairam suspeitas de desonestidade, deixou o governo altiva. Em tom de líder petista, como há muito não se via, declarou que seguirá em luta pela manutenção das conquistas e avanços sociais que marcaram seu governo e o de Lula. 

Dilma de volta ao petismo
 O partido, apesar da experiência como governo e oposição, tem primeiro que curar suas feridas, além das arestas internas causadas pela conduta da Dilma em sua gestão.

Tem a seu favor uma agenda absolutamente oposta a seus princípios, mas terá que resolver como lidará, por exemplo, com as alterações nas leis sugeridas pelos agora governistas para limitar as investigações sobre corrupção. 

Alvo central da Lava-Jato, o partido encontrará ainda seu lugar histórico ocupado pelo PSOL, completamente livre para marcar posição como ficha limpa.