Razão por impulso



A ilustração tosca apresentada pela força-tarefa foi poderosa. 
Criticada pela forma, viralizou nas redes sociais sem causar ruídos a quem não acompanha os detalhes da operação, mas as manchetes, comportamento cada vez mais natural no jornalismo online. 


Ilustração pobre, mas poderosa
É uma condenação sumária. Não exige aprofundamento, dispensa conhecimento do caso e não dá margem para questionamentos. Serve com precisão às conversas rápidas nas filas, elevadores, bares e churrascos de fim de semana. Diretamente ao campo emocional, induz à opinião por impulso. 

 Bastam duas palavras para fechar o conceito: propinocracia e comandante. Toda a peça montada cabe numa foto e uma manchete curta.

O ex-presidente Lula respondeu no mesmo nível. Repetiu sua história de vida realmente emocionante e as conquistas sociais e econômicas que trouxeram autoestima e elevaram a posição nacional no mundo. 

Lula e o lenço
 Tem o poder de arregimentar seus adeptos e comover, senão os contrários, os neutros.  Se não fosse o suficiente, falou do sofrimento da família e chorou três vezes. 

Ambos tergiversam a questão objetiva, provar a culpa ou a inocência. Parecem certos de que a pressão da opinião pública será o fator principal na definição da sentença. 

Dois detalhes para pensar nesta disputa sensorial: a palavra “comandante”, que remete a chefes de governos autocráticos, e a afirmação de Lula de que funcionários públicos não compreendem o presidencialismo de coalização.