Aposta


O amistoso contra a Croácia foi útil para descartar a única alternativa tática profunda apresentada pela seleção até aqui.

A formação com três volantes talvez funcionasse se Daniel Alves ainda estivesse no time. Serviriam para cobri os avanços dos alas. Os flancos vinham sendo o calcanhar de Aquiles da equipe da seleção. Tendo apenas Marcelo para cobrir, Casemiro dá conta do recado.

Módulo 2

Firmino e Neymar: 2 X 0
O esquema, chamado módulo 2 pela comissão técnica, penaliza o ataque. Gabriel Jesus não está em seu melhor momento como goleador, mas a formação defensiva prejudica a entrada pelo meio de um armador que lhe passe a última bola para o arremate. Precisa ele mesmo buscá-la e tentar o drible sobre as duas linhas de quatro antes de chutar a gol. 

A preocupação em cobrir Marcelo anulou Fernandinho no apoio ao ataque pele esquerda. A Croácia não teve motivos para se descuidar das penetrações de Paulinho. A estratégia, já conhecida, não surte mais efeito diante de adversário com defesa sólida e contra-ataques velozes que passam por meias habilidosos, como se viu.

Danilo

Embora não tenha aparecido muito em campo, Danilo jogou bem. O técnico declarou ter se surpreendido com sua performance. De fato, o jogador cumpriu bem a função de fechar a lateral. Se não tem a força de ataque de Daniel Alves, cortado por lesão no joelho eliminou o corredor que se abria às costas do ala. Willian tomou conta do espaço na ponta com competência. Na partida contra a Croácia revelou-se também capaz de comandar o ataque e maturidade para assumir em definitivo o posto de capitão.

Neymar

A melhor notícia para a seleção foi saber que Neymar está seguro de sua recuperação após a cirurgia no pé direito. Dois dribles curtos em passadas firmes e o chute forte de direita que resultaram no primeiro gol da vitória por 2 X 0 sinalizam que resta apenas retomar o ritmo para 90 minutos em campo.

A  entrada do atacante no segundo tempo permitiu que Firmino, substituindo Jesus, encontrasse espaço dentro da área, para, no meio da defesa, receber lançamento  de frente para o goleiro e selar a vitória nos segundos finais do acréscimo. 

Na reta final da preparação para a Copa, a seleção ainda é mesma de quando Tite assumiu: uma equipe que depende da atuação individual dos jogadores, especialmente de Neymar. O Brasil tem nomes em quantidade suficiente para ser um dos favoritos. A comissão técnica repete a premissa de Zagalo e Parreira.Em 94, nos Estados Unidos, deu certo. em 2006, na Alemanha, deu errado. 

Depender exclusivamente de um lance desconcertante é aposta.