O Brasil jogou tudo o que sabia. Courtois tirou a bola que
parecia certa de Neymar. Renato Augusto tocou mal o empate certo. O ataque não
brilhou como poderia, mas Miranda fez talvez a melhor partida pela seleção. A
perseverança merecia prorrogação como prêmio.
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Miranda, melhor do Brasil no jogo Foto:Fifa.com |
Na fé, quem sabe, poderia virar. A fé de que o talento individual dos
atacantes poderia fazer a diferença. Então
temos a razão da eliminação. Aliás, a mesma que nos derrubou nas quartas da
Copa de 2006.
A crença de que de
repente um dos jogadores resolveria a partida induziu o Brasil a atuar do mesmo
modo desde a classificatória. Seguiu concentrado pela esquerda, com abertura
nas laterais e falha na marcação de bolas cruzadas pelas pontas. Se a ajuda dos
meias na cobertura das subidas de Marcelo e Fagner funcionou em partidas
anteriores, deixou o meio de campo para o controle dos adversários.
A flutuação da linha de frente, com a troca de posições
entre Willian, Gabriel Jesus e Phillippe Coutinho, além de Neymar cortando para
o meio, havia criado boas chances em jogos anteriores.
Tal movimentação aconteceu a partir dos 20 minutos do segundo tempo contra a Bélgica, ocasionando o espaço pelo qual Renato Augusto diminuiu o placar para 2 a 1.
A falta de variações da equipe foi tratada como convicção e
coerência. Todos os adversários sabiam como a seleção de Tite jogava. O empate com a Suíça na estreia confirmou a necessidade de correções e de ensaios de
novos esquemas.
O que o time fez em tantos treinos secretos é um mistério.
O confronto contra equipes sem poder de finalização mascarou
o tamanho real do Brasil e não deixou ver que se tratava de teimosia.
A Bélgica, além de boa organização tática e defesa competente,
tem a articulação de De Bruyne. Junto de Hazard e Lukaku, é candidato a melhor
da Copa.
O técnico Roberto Martínez soube tão bem quanto Tite adequar o esquema
de jogo ás características do elenco. Os
belgas, no entanto, se sentiam livres para atuar sentindo o jogo. Individualmente,
eles se saíram melhor que os brasileiros.
Tite atingiu melhores resultados que seus antecessores
imediatos à custa da disciplina defensiva. Nossa seleção joga pesado, tensa, fechada
em si, sem criatividade quando retoma a bola, exceção permitida a Neymar. Não
foi o suficiente para abater um bom oponente.
Graças ao treinador, o Brasil é o
melhor time da América Latina no momento. Baseado no nível apresentado pelo
torneio, teria condições de chegar à final se tivesse melhor sorte.
Quando se aposta na fé, às vezes, Deus ajuda, às vezes, “quis
assim”.