Derrubado -outra vez- pela fé

Copa 2018

O Brasil jogou tudo o que sabia. Courtois tirou a bola que parecia certa de Neymar. Renato Augusto tocou mal o empate certo. O ataque não brilhou como poderia, mas Miranda fez talvez a melhor partida pela seleção. A perseverança merecia prorrogação como prêmio. 

Miranda, melhor do Brasil no jogo    Foto:Fifa.com
Na fé, quem sabe, poderia virar. A fé de que o talento individual dos atacantes poderia fazer a diferença.  Então temos a razão da eliminação. Aliás, a mesma que nos derrubou nas quartas da Copa de 2006.

 A crença de que de repente um dos jogadores resolveria a partida induziu o Brasil a atuar do mesmo modo desde a classificatória. Seguiu concentrado pela esquerda, com abertura nas laterais e falha na marcação de bolas cruzadas pelas pontas. Se a ajuda dos meias na cobertura das subidas de Marcelo e Fagner funcionou em partidas anteriores, deixou o meio de campo para o controle dos adversários.

A flutuação da linha de frente, com a troca de posições entre Willian, Gabriel Jesus e Phillippe Coutinho, além de Neymar cortando para o meio, havia criado boas chances em jogos anteriores. 

Tal movimentação aconteceu a partir dos 20 minutos do segundo tempo contra a Bélgica, ocasionando  o espaço pelo qual Renato Augusto diminuiu o placar para 2 a 1.

A falta de variações da equipe foi tratada como convicção e coerência. Todos os adversários sabiam como a seleção de Tite jogava. O empate com a Suíça na estreia confirmou a necessidade de correções e de ensaios de novos esquemas. 

O que o time fez em tantos treinos secretos é um mistério.
O confronto contra equipes sem poder de finalização mascarou o tamanho real do Brasil e não deixou ver que se tratava de teimosia.

A Bélgica, além de boa organização tática e defesa competente, tem a articulação de De Bruyne. Junto de Hazard e Lukaku, é candidato a melhor da Copa. 

O técnico Roberto Martínez soube tão bem quanto Tite adequar o esquema de jogo ás características do elenco.  Os belgas, no entanto, se sentiam livres para atuar sentindo o jogo. Individualmente, eles se saíram melhor que os brasileiros.

Tite atingiu melhores resultados que seus antecessores imediatos à custa da disciplina defensiva. Nossa seleção joga pesado, tensa, fechada em si, sem criatividade quando retoma a bola, exceção permitida a Neymar. Não foi o suficiente para abater um bom oponente. 

Graças ao treinador, o Brasil é o melhor time da América Latina no momento. Baseado no nível apresentado pelo torneio, teria condições de chegar à final se tivesse melhor sorte.

Quando se aposta na fé, às vezes, Deus ajuda, às vezes, “quis assim”.