Levantamento publicado às vésperas do Fórum Econômico
Mundial, em Davos, na Suíça, aponta recorde da desigualdade em todo o planeta.
O trabalho foi elaborado pela Oxfam, organização não
governamental global presente em 20 países, dedicada a estudos e ações de
combate à pobreza. O cálculo foi baseado em dados do Credit Suisse Research
Institute’s Global Wealth Databook 2019 e na lista de bilionários da Forbes –
edição 2019.
De acordo com a entidade, o
número de bilionários dobrou na última década.
Os dados globais, em resumo, são
os seguintes:
- Os 2.153
bilionários do mundo têm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas (60% da
população mundial).
- Os 22 homens
mais ricos do mundo têm mais riqueza do que todas as mulheres da África.
- Mulheres e
meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao
trabalho de cuidado não remunerado. Isso representa pelo menos US$ 10,8
trilhões por ano à economia global. O valor é mais de três vezes o valor da
indústria de tecnologia do mundo.
- Se o 1% mais
rico do mundo pagasse uma taxa extra de 0,5% sobre sua riqueza nos próximos 10
anos seria possível criar 117 milhões de empregos em educação, saúde e
assistência para idosos.
Envelhecimento da população aumenta desigualdade
O trabalho revela
ainda que o envelhecimento e o aumento da população tem o efeito de aumentar o
fosso entre a remuneração do homem e da mulher.
As mulheres em todo o mundo
fazem mais de 75% do trabalho de cuidado de idosos e crianças não remunerado, e
que 42% da população feminina mundial não conseguem emprego por estarem
responsáveis pelo cuidado. 6% dos homens estão nesta condição.
Em relação ao
Brasil, a Oxfam estima, baseada em dados do IBGE, que 77 milhões de pessoas
dependerão de cuidados em 2050.
Citando números do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – Ipea – a ong dimensiona a urgência de investimentos
sociais para estancar o aprofundamento da desigualdade: apenas 30% dos municípios
brasileiros, cerca de 1.500, têm instituições de assistência a idosos, a
maioria localizada na região sudeste.
De acordo com o
documento, a redução da desigualdade passa obrigatoriamente pela decisão dos
governos de tributar a riqueza e a alta renda, além de combater a sonegação
fiscal, para financiar a infraestrutura – água potável, energia doméstica e saneamento
– que atenda a extrema pobreza, e também atuar nos campos jurídico, econômico e
do mercado de trabalho para proteção dos direitos de quem trabalha no cuidado.
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