Pesquisa CNI/ Ibope registra inversão na tendência de queda. Auxílio emergencial é a causa, mas maioria não confia no presidente.
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Gráfico: CNI/Ibope |
A redução das aparições públicas e a liberação do auxílio
emergencial levaram a avaliação do governo federal ao melhor patamar desde
abril de 2019. Jair Bolsonaro colhe o que relutou plantar.
As desastradas e grosseiras declarações à porta do Palácio
foram suprimidas após pressão dos assessores militares. A grita da oposição e a articulação do
desafeto presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elevaram para R$600, 00 o
valor do auxílio emergencial que Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo
Guedes, queriam em R$ 200,00.
A pesquisa feita entre os dias 17 e 20 de setembro em 127
municípios acusou aumento de 11 pontos percentuais entre os que avaliam o
governo como ótimo ou bom, para 40%, desde o último levantamento, em dezembro
de 2019. Entre abril e dezembro do ano passado o índice caíra de 35% para 29%.
Das duas mil pessoas ouvidas, 29% consideram o governo
regular, com queda de 9 pontos percentuais em nove meses. O percentual de ruim ou péssimo caiu dentro
da margem de erro de dois pontos percentuais no período, para 29% .
A maneira Bolsonaro de governar tem aprovação de 50% com 45%
de desaprovação. Quando perguntados se confiam no presidente, 46% disseram que
confiam, contra 51% que responderam não confiar.
Pobreza e pouca educação sustentam Bolsonaro
A popularidade de Jair Bolsonaro aumentou principalmente nas
camadas com grau de instrução até a oitava série da educação fundamental, que
possui renda familiar de até um salário mínimo e mora na periferia das capitais,
com destaque para os habitantes das regiões Sul e Nordeste. O Nordeste, no entanto, continua como região de
menor aprovação a Bolsonaro, com 33% de ótimo ou bom.
Entre os que ganham mais de 5 salários mínimos a popularidade
do presidente diminuiu. Na faixa dos que têm nível superior em educação, o índice
de aprovação não se alterou, mas a confiança no governo caiu.
Cloroquina e auxílio impulsionam Bolsonaro
O discurso bolsonarista encontrou terreno fértil nas camadas
mais vulneráveis. De dezembro a
setembro, as ações na área de saúde tiveram a aprovação aumentada de 36% para
43%. No período, o governo classificou a
Covi-19 de gripezinha, defendeu a cloroquina e combateu o isolamento, tudo o
que a comunidade científica internacional desaprovou. O ministério da Saúde teve três comandantes,
um dos quais sequer tomou posse, o corpo técnico de combate à pandemia foi
substituído e um general ocupou interinamente a pasta.
Apesar da falta de coordenação, conflitos políticos e
desorganização na distribuição do auxílio emergencial, o combate à fome e à
pobreza teve aprovação aumentada de 40% para 48% no período.
A variação positiva nestes setores de atuação, ainda que
abaixo do índice de reprovação, foi o que alavancou a popularidade
presidencial. De todos os setores avaliados, só a segurança pública tem
percentual de aprovação superior ao de desaprovação, 51%.
A desaprovação no combate ao desemprego chega a 60%, o que
indica fragilidade deste crescimento.
Maioria não confia em Bolsonaro
Os 40% de popularidade de que desfruta agora Jair Bolsonaro
é o mesmo que tinha Dilma Roussef em dezembro de 2014 segundo o mesmo Ibope.
Naquela época, a então presidente acabara de passar por uma massacrante disputa
eleitoral em que o PT já sofria o desgaste de mais de uma década no poder.
A íntegra da pesquisa CNT/ Ibope pode ser acessada aqui.
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