Pega ou não pega?

A Federação Paulista já definiu oficialmente as dez primeiras rodadas do campeonato estadual. Seis jogos em três rodadas estão marcados às 21:45h. Três delas na capital: duas no Pacaembu e uma no Morumbi. Desafiam diretamente a credibilidade da Câmara dos Vereadores de São Paulo. Podem levar o projeto do vereador Tião Farias (PSDB) a se transformar em uma daquelas leis que " não pegam". O texto aprovado no último dia 21 proíbe partidas depois das 21h. Desejo antigo de torcedores e moradores próximos aos estádios.
O descumprimento do horário poderia levar à interrupção do jogo e até à interdição do estádio. Apesar de rigoroso, o projeto deixa uma brecha: por interesse público a partida pode começar mais tarde. É um projeto ruim como um todo, na opinião do promotor público Fernando Capez, que se elegeu deputado estadual ( PSDB) com a imagem de defensor dos torcedores. Segundo ele, jogos depois das 21h permitiriam à PM reforçar a segurança nos trajetos aos estádios. Também duvida do interesse das autoridades em interromper uma disputa em andamento, acreditando, assim, que seu correligionário produziu um entulho que "não pega".

ENTRE 20h E 21h, OS MELHORES HORÁRIOS
A avaliação do comando da PM, no entanto, é outra. Uma partida depois das 21h termina quando a oferta de transporte público diminui. Facilita o confronto entre as torcidas organizadas e expõe o torcedor comum à violência da capital. Se for muito cedo, nos momentos de rush, dificulta as ações de segurança. A Polícia Militar ainda não se manifestou sobre o projeto, mas sempre defendeu que, em São Paulo, nos dias de semana, os jogos devem começar no mínimo às 20h, e, no máximo, às 21h.
É questão de segurança, tema caro à administração pública. A lei, para entrar em vigor, depende da sanção do prefeito.
Gilberto Kassab (PFL) disse que espera o resultado de um estudo técnico para se decidir, mas não informou quem fará a avaliação nem os critérios a serem adotados.
O campeonato paulista começa em 17 de janeiro.