Adriano, aposta? A questão é restrita ao universo dos torcedores. O Corínthians jogou certo, está no marketing, não no futebol, e já tira dividendos disso. Está na mídia com a contratação, e dará audiência os jogos com ele em campo, atuando bem ou mal. A falta da presepada habitual que se tornou a apresentação de pré-aposentados, bem como as “cláusulas de segurança” referentes à subordinação do atleta à rotina de treinos dão a medida da crença do clube no jogador. Se for bem, teve uma cerimônia à altura. Se não, a diretoria do time não deu motivos para ser ridicularizada. Se imaginarmos que uma aposta minimamente responsável é aquela cuja perda não prejudicará a sobrevivência do apostador, diria que, se tivesse alguma sobra, apostaria em Andres Sanchez como craque do clube. O histórico mostra que o potencial de Adriano é enorme.Tão grande que ele ainda não foi para a segunda divisão. Motivos para tanto ele deu de sobra. Menos pela armação demagógica da polícia do Rio, que cismou de mostrar serviço na esteira da popularidade dos jogadores, como têm feito algumas candidatas a celebridade momentânea. Muito pela indisciplina exibida na Europa.
É, na Europa. Por aqui, como bem ressaltou o colega Marcos Rosendo em seu blog, fez bonito no São Paulo e no Flamengo. Pela seleção, exceto na Copa 2006 – justo na Copa! – respondeu com competência tudo o que dele se esperava.A frieza e o distanciamento próprios da cultura europeia, ainda que falemos de ídolos, bem como a responsabilidade pelo preparo físico, lá prioritariamente responsabilidade do jogador, enquanto cá o clube é tradicionalmente paternalista, são diferenças fundamentais para quem avalia uma aposta em Adriano. Treino diário em dois períodos e um sistema policial fisiológico invejado pelos rivais não foram suficientes para o São Paulo domar o atacante.
Por este ângulo, o risco maior é da empresa de Ronaldo. É ela quem avaliza a contratação. Em campo, para Ronaldo, não havia bola perdida. Fora, Adriano já perdeu duas na Itália. Aqui dentro do Brasil, ainda não.
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