Brigão, duro e teimoso como poucos no meio político, Itamar Franco, no entanto, soube com raridade exercer a Presidência da República.
Teve a clareza de manter serenidade diante do mandato tampão, inviablizando qualquer insurgência contra a frágil democracia emparedada pelo impeachment de Collor de Mello.
Domou os instintos quando achincalhado pela mídia do eixo Rio-São Paulo, que pejoarativamente rotulou seu governo como República do Pão de Queijo, preservando o ministro da economia, Fernando Henrique Cardoso.
Deste, guardou mágoas por nunca ter reconhecida sua participação decisiva na implantação do plano de estabilização econômica. Reclamou, mas nunca desceu o nível ao falar publicamente de FHC.
O ato marcante da personalidade de Itamar Franco no exercício do poder foi dobrar a Volkswagen e manter a produção brasileira do Fusca. Conseguiu assim retardar o corte de empregados da montadora, que seriam substituidos por robôs na montagem de novos modelos.
Também durante o mandato do mineiro criou-se o carro de baixa cilindrada, que deveria custar pouco para que a base da pirâmide social pudesse ter seu veículo.
Itamar foi criticado até por Lula por não ter montado uma equipe ministerial com nomes de expressão.
O ex-presidente deve ter aprendido depois de dois mandatos que, assim feito futebol, nome não ganha jogo, como se viu no desenrolar de seu mandato e no pífio desempenho das câmaras, grupos e comissões que buscariam respostas aos vários problemas nacionais.
Com a devida proporção, Itamar fez um governo tão voltado para o povão quanto Lula.
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