Déjà vu

Auguste Rodin morreu um ano antes do fim da primeira grande guerra. Não poderia estar no centro do cenário temporal de Meia Noite em Paris. Se lá estivesse, seria ele o alterego de Woody Allen, e não o escritor interpretado por Owen Wilson. Assim como o norteamericano, o escultor francês do fim do século 19 usou de seu talento para sobreviver fazendo bustos e estátuas da burguesia da época. Estava bem resolvido quanto a isso, não fosse a amante e assistente Camille Claudel a lhe apoquentar as idéias.


Camille, de tanto inconformismo, foi internada em um manicômio. Suas inquietantes esculturas de velhas com seios e barrigas caídas estão espalhadas com as de Rodin na mansão cujo jardim ornamentou a atuação (?) de madame Sarkozy.

Woody Allen também parece bem resolvido no trabalho de servir ao turismo internacional com seu talento inquestionável.

Mas faltou-lhe uma Camille quando resolveu abrir o filme com um a sucessão de cartões postais lambelambe sem qualquer razão.

O argumento não é sequer original. Um personagem angustiado pela obrigação de acompanhar o comportamento geral e por suas relações pessoais se refugia em uma fantasiosa realidade ideal no passado.

A Rosa Púrpura do Cairo é exatamente isso. Ao avesso. Neste filme, é o ícone do passado quem vem ao presente se encontrar com a protagonista.

Com a capacidade de quem sabe fazer de um drama uma comédia, entretanto, ele fisgou pela emoção falando de um dos mais efervescentes períodos intelectuais da França, ou melhor, Paris.

Assim como Caetano Veloso canta Roberto Carlos, Woody Allen também pode cantar Steven Spielberg.
Mas, no Rio de Janeiro, onde tem proposta para filmar ( este é o estádio do Corínthians dos cariocas), ai,ai,ai...

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