SP 459: A lenta integração dos japoneses


Os japoneses eram os mais arredios entre os imigrantes que chegaram à São Paulo no início do século passado.  Tinham o objetivo definido de voltar para casa depois de três anos de trabalho. 
 Há outras muitas e óbvias explicações para o processo lento de integração dos orientais à nova pátria. Da língua ao clima, estranharam tudo. E também por tudo, da aparência ao comportamento nada sociável, foram discriminados.
Bairro da Liberdade
 Se abrigaram na região da cidade ocupada antes por ex-escravos. Para onde eram levados mendigos, desvalidos e condenados.  Lugar ironicamente chamado de Liberdade, pois fora  o local em que a forca estava instalada.

Refundaram o Japão ali, quando perceberam que a riqueza não viria tão rápida quanto imaginavam.  Mantiveram uma vida isolada, escrita só em japonês no jornal da colônia.  Remodelaram o bairro ao gosto deles. Criaram um novo cartão postal na capital.
Abraçaram a região metropolitana com o cinturão verde de alimentos fartos na quantidade, e na variedade, alterando profundamente os hábitos alimentares da população.
Os pomares extensos de pêssegos que plantaram na periferia foram anexados ao nome da avenida Jacu, na zona leste.
Devagar e discretamente, ainda naquele lado da cidade, encheram o Parque do Carmo com um dos símbolos da terra natal. De semente em semente, ao longo dos últimos  35 anos, deram a São Paulo cerca de quatro mil cerejeiras, festejadas pela comunidade como o segundo maior conjunto da espécie do mundo fora do Japão.

E, enfim, quase setenta anos depois do desembarque das primeiras famílias nipônicas do Kasato Maru, em 1908, a miscigenação deixou de ser tabu.
Hoje, mais de 60% dos yonseis, os bisnetos dos japoneses tão ariscos, são mestiços.

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