Os japoneses eram os mais arredios entre os imigrantes que
chegaram à São Paulo no início do século passado. Tinham o objetivo definido de voltar para casa
depois de três anos de trabalho.
Há
outras muitas e óbvias explicações para o processo lento de integração dos
orientais à nova pátria. Da língua ao clima, estranharam tudo. E também por tudo, da aparência ao comportamento nada
sociável, foram discriminados.
![]() |
Bairro da Liberdade |
Refundaram o Japão ali, quando perceberam que a riqueza não
viria tão rápida quanto imaginavam. Mantiveram
uma vida isolada, escrita só em japonês no jornal da colônia. Remodelaram o bairro ao gosto deles. Criaram um
novo cartão postal na capital.
Abraçaram a região metropolitana com o cinturão verde de
alimentos fartos na quantidade, e na variedade, alterando profundamente os hábitos alimentares da população.
Os pomares extensos de pêssegos que plantaram na periferia foram
anexados ao nome da avenida Jacu, na zona leste.
Devagar e discretamente, ainda naquele lado da cidade,
encheram o Parque do Carmo com um dos símbolos da terra natal. De semente em
semente, ao longo dos últimos 35 anos,
deram a São Paulo cerca de quatro mil cerejeiras, festejadas pela comunidade
como o segundo maior conjunto da espécie do mundo fora do Japão.
E, enfim, quase setenta anos depois do desembarque das
primeiras famílias nipônicas do Kasato Maru, em 1908, a miscigenação deixou de
ser tabu.
Hoje, mais de 60% dos yonseis, os bisnetos dos japoneses tão
ariscos, são mestiços.
0 Comentários