Integrante do PSD vice-governador do PSDB de São Paulo assume
um ministério do opositor PT em pasta ligada ao pequeno empresariado
representada pela FIESP cujo presidente pleiteia a candidatura ao governo do
estado paulista pelo maior ocupante do condomínio ministerial junto com o PSB
que ensaia uma candidatura à presidência com discurso à esquerda do poder se
aliando à direita mantenedora do candidato do PSDB à Presidência prestes a se
filiar a um partido de fundamentos comunistas pela perda de espaço para um
senador marcando posição à direita do governo após articular uma coligação com
PSB e PT para dominar Minas Gerais sem vírgula nem ponto.
Democracia se faz na discussão de ideias concretas
contrapostas claramente para que o povo possa escolher um caminho. A movimentação em torno das eleições de 2014
revela a falta de planos sinceros de longo prazo para o país à direita e à
esquerda. Na melhor das hipóteses,
transforma em hipocrisia os debates sobre reformas políticas e em casuísmos
as regras de fidelidade partidária.
Os detentores do poder central em todos os tempos desde a promulgação da Constituição de 1988 argumentam com razão que o sistema de governo desenhado
deixou uma enorme brecha para o fisiologismo, tornando necessários conchavos
improváveis em democracias saudáveis. No entanto, se já não se justifica sua ocorrência com a
intensidade vista atualmente, quando o Planalto possui maioria no Congresso,
não há qualquer debate programático a nortear o loteamento da administração
pública.
Acreditava-se que o calor do confronto ideológico na
Assembleia Constituinte amadureceria para o delineamento claro dos perfis dos
partidos. Houve um movimento inicial nesse sentido, no qual o PT se destacava,
quando chegou a penalizar duramente integrantes que discordassem das orientações
programáticas. Luiza Erundina, uma das maiores figuras do partido, foi
defenestrada por aceitar o posto de ministra da Secretaria da Administração
Federal no governo Itamar Franco, em 1993. No mesmo ano, o futuro presidente
Fernando Henrique Cardoso assumiu o ministério das Relações Exteriores, depois de
contido pelo PSDB no desejo de integrar o governo Collor.
À luz da história, houve um retrocesso político,
servindo a constituição para justificar uma prática comum a todos os níveis de governo
desde a monarquia.
Se o tema tratado pelo viés ideológico anda fora de moda, cabe
questioná-lo sob a ótica da lisura e transparência, na ordem do dia. Guilherme
Afif vai receber pelos dois cargos públicos? O que faria na eventual falta do
governador paulista?
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