Aposta


 
A baixa técnica do futebol brasileiro permitiu veteranos em queda de competitividade em alto nível se destacar e dessem um gás no esporte que só viu um ídolo recente permanecer de pé, Neymar.

O caso bem sucedido com Ronaldo, fazendo gols já obeso e sem mais ambições em campo, criou um padrão aos tecnocratas da mídia no setor, convencendo anunciantes e torcedores que há uma fórmula pronta.

A grata surpresa do desempenho de Seedorf no Botafogo parecia confirmar a tese, até que agora se comprova que é preciso mais para cravar o clube como grande marca continental.

Osvaldo de Oliveira terá que se desdobrar para reinventar o time antes que se torne o mais reluzente cavalo paraguaio da temporada.

Cuca, do Atlético Mineiro, teve a possibilidade de se manter à distância dos projetos de propaganda e objetivos comerciais para trabalhar, conseguiu bons resultados remodelando a equipe de acordo com o que viu exclusivamente nos treinos.

Submeteu Ronaldinho Gaúcho ao grupo, permitiu o crescimento de revelações e já deu lucro ao clube, recebendo sua fatia em apoio e tranquilidade para continuar a trabalhar.

Situação diversa vivem Grêmio e Corínthians.  O time do sul criou expectativas com contratações de peso, sucumbiu à pressão por resultados imediatos, trocou de técnico e joga na retranca para evitar vexames.

O timão paga caro como refém dos interesses de marketing. Quando se esperava que Tite ganhasse mais espaço para reformular a equipe quebrada em sua espinha dorsal com a venda de seus principais jogadores, teve que engolir peças recomendadas pela cartolagem.

Zizao perambula pelo Centro de Treinamento como alma penada de uma planilha financeira, sobre quem o técnico já teve muito que responder. Se foi possível fazer vistas grossas a ele com a conquista da Libertadores, precisou de muita paciência e jogo de cintura para não atrapalhar o “Projeto Pato”, a segunda edição do modelo Ronaldo.

A realidade se sobrepôs ao marketing, que vai escapando de fininho da responsabilidade desaguada no treinador. A Tite talvez não interesse também seguir nesta estrutura, mas sua demissão não corrige a estratégia de apostar na sorte.

Aposta é a melhor definição para o trabalho desenvolvido pelo Corínthians. Em apostas, às vezes se ganha, às vezes se perde.

Futebol é outra coisa, como mostram os clubes mineiros e o São Paulo rascunha.

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