Lenha na fogueira


Fogo quando se junta a cana-de-açúcar resulta em agregação de valor.
Da queimada no campo antes da colheita até os incêndios nos estoques. A destruição do complexo da Copersucar, maior comercializadora de álcool e açúcar do Brasil, não afetou significativamente o escoamento da safra atual e contribui para a valorização futura da commodity. Se o país também ganhará com isso, é outra história, ainda mais em ano eleitoral.

O setor tem a capacidade de extrair vantagens das adversidades graças ao domínio da movimentação dos mercados interno e externo, além de ter a seu lado um tanto de sorte e coincidências. O incêndio em Santos foi o terceiro este ano a atingir os produtores.

Em janeiro a superprodução de álcool levou os produtores a pressionarem o governo por aumento da quantidade do produto na gasolina.

 Os incêndios em duas usinas, uma em Ourinhos, no interior de São Paulo, no dia 6, e outra em Caçu, em Goiás, no dia 16, consumiram cerca de 22 milhões de litros de etanol. O assunto ganhou relevância e, em março, o governo, que sinalizara desgosto com a medida, anunciou a elevação de 20% para 25% a porcentagem de etanol na mistura, oficializada em maio.
 

Açúcar


Desde 2011 os preços do açúcar no mercado internacional vêm caindo, apresentando recuperação neste ano, mas ainda próximos aos patamares mínimos de 2012.


O efeito negativo que o incêndio de seis armazéns da Copersucar no porto de Santos em 18 de outubro será maior na balança comercial, que tem nos derivados da cana um dos pilares de sustentação do sucesso do agronegócio. O conjunto inaugurado em junho, com o objetivo de aumentar a capacidade exportadora em 500 mil toneladas, só deve voltar a funcionar em meados do ano que vem.

A quantidade de açúcar queimado, cerca de 180 mil toneladas, é 10% da exportação mensal, quase um nada perto dos 5,12 milhões de toneladas exportadas no ano passado pela Copersucar. Mas a notícia do prejuízo na logística atiçou a especulação na tendência de alta.

Um lance de sorte diante a da expectativa de fatores baixistas. A estimativa União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única) para a safra 2013/2014 é de moagem de 587 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 10,18% mais que a anterior. O etanol deverá consumir a maior parte, com acréscimo de apenas 0,3% na produção de açúcar.
 

ÍNDIA


 Mas a Índia, maior concorrente direta do Brasil, projeta a produção de 25 milhões de toneladas, prevendo despejar 5,5% mais açúcar no mercado internacional, nas contas feitas em setembro pelo Cepea.

A redução na capacidade exportadora causada pelo incêndio contrabalança o efeito Índia, podendo não sair tão caro à categoria, que encontra aqui praticamente o mesmo preço que teria lá fora.

O incêndio em Santos, no entanto, tem poder para balizar os números gerais da economia do país em ano eleitoral, seja na discussão sobre logística, balança comercial ou inflação.

Da pinga à salsicha, o açúcar está em praticamente todos os setores da indústria alimentícia.

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